Microcebus ganzhorni, uma das novas espécies GIUSEPPE DONAT (DR)
Rodin Rasoloarison, um dos autores do trabalho, já descobriu 12 espécies de lémures PETER KAPPELER (DR)
Peter Kappeler, responsável pela Unidade de Ecologia Comportamental e Sociobiologia do Centro Alemão de Primatas C. FITCHEL (DR)
Descobertas três novas espécie de primatas. Há agora 24 espécies de lémures-rato.
Esta semana, além de um novo primeiro-ministro (Olivier Solonandrasana), Madagáscar tem mais três novos primatas na lista de espécies que habitam esta ilha. Desde há alguns anos que os avanços nas técnicas genéticas têm feito sobressair as diferenças nas mais de 100 espécies de lémures que existem na ilha, 24 dos quais são lémures-rato.
O rato no nome destes pequenos primatas pode tirar algum encanto à história. Porém, só são conhecidos assim porque são muito pequeninos. Apesar de não terem o charme dos lémures mais conhecidos com uma longa cauda de anéis pretos e brancos, estes primatas mais pequenos continuam a ter um aspecto simpático, com pêlo fofo e olhos esbugalhados.
Há 20 anos estavam identificadas apenas duas espécies deste pequeno animal nocturno, um pouco frenético, com cerca de dez centímetros de comprimento e cerca de 30 gramas de peso. Um animal que só existe na ilha de Madagáscar. Hoje, com estas novas três espécies descritas num artigo publicado esta semana na revista Molecular Ecology, existem já 24 espécies diferentes de lémures-rato. Um avanço que se deve, por um lado, às novas técnicas que ajudam a fazer uma melhor e mais rápida diferenciação genética e, por outro, ao facto de se realizarem expedições para áreas mais remotas desta ilha.
Os lémures-rato são todos muito parecidos e a sua diferenciação só é possível através de uma análise genética. A equipa de investigadores do Centro Alemão de Primatas (em Leibniz, Alemanha), da Universidade de Kentucky (nos EUA), do Centro Americano do Lémure da Universidade de Duke (em Durham, nos EUA) e da Universidade de Antananarivo (em Madagáscar), já tinha conseguido identificar duas novas espécies há apenas três anos. Aliás, foi também uma equipa do Centro Alemão de Primatas que, em 1993, descobriu o lémure-rato-da-senhora-berthe (Microcebus berthae), considerado o mais pequeno primata do mundo. Agora são mais três.
Uma das novas espécies foi “baptizada” com o nome de um ecologista alemão da Universidade de Hamburgo, Jörg Ganzhorn, que esteve envolvido durante décadas na protecção destes animais e, assim, será conhecida como lémure-rato-de-ganzhorn (Microcebus ganzhorni). Também no Sudeste da ilha principal foi encontrado o Microcebus manitatra, nome que simboliza a expansão deste subgrupo para fora da zona oeste de Madagáscar. O terceiro, Microcebus boraha, foi assim chamado devido ao local onde foi encontrado: na Nosy Boraha (ou Santa Maria), uma pequena ilha de Madagáscar situada a leste da ilha principal.
As suas diferenças genéticas, agora comprovadas pelos cientistas, fazem com que sejam fisicamente diferentes? “Em geral, há muito poucas diferenças externas marcantes entre as espécies de lémures-rato; é também por isso que ainda estamos a descobrir novas espécies”, explica numa resposta por email ao PÚBLICO Peter Kappeler, responsável pela Unidade de Ecologia Comportamental e Sociobiologia do Centro Alemão de Primatas. Ainda assim, há, de facto, algumas diferenças: “A Microcebus manitatra é relativamente grande e mais acinzentada do que outras espécies, ao passo que Microcebus boraha é muito avermelhado.” A imagem da Microcebus ganzhorni foi a escolhida para integrar o comunicado de imprensa da descoberta.
“Os próximos passos importantes desta investigação serão para determinar a distribuição exacta de cada uma das espécies, isto é, a extensão do seu habitat, bem como a caracterização da sua ecologia e comportamento”, adianta Peter Kappeler ao PÚBLICO.
De acordo com a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza que alerta para o perigo de extinção existem mais de 100 espécies conhecidas de lémures ameaçadas. São o grupo de mamíferos que corre mais perigo em todo o mundo. A desflorestação e a caça ilegal (ou seja, a presença humana) são as principais ameaças dos lémures em Madagáscar.
fonte: Público
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