quinta-feira, 14 de março de 2013

Homem de Neandertal morreu pelos seus olhos


O estereótipo faz do Homem de Neandertal um ser simiesco, rude e pouco inteligente, mas os factos provam que era um humanóide robusto, que tinha um cérebro volumoso, e que viveu na Europa há 250 mil anos, até desaparecer, durante a última idade do gelo. Agora, um estudo vem sugerir que o tamanho dos seus olhos pode muito bem ter contribuído para a sua extinção (há 20 mil anos).

Veja aqui o vídeo da BBC:


Uma equipa de investigadores explora a ideia de que os antepassados do Neandertal deixaram África 'à descoberta', mas que acabaram por encontrar apenas as longas e escuras noites da Europa.

Ao estabelecer-se num novo território, com condições diferentes daquelas a que estava habituado, o Homo Neanderthalensis viu-se obrigado a desenvolver um globo ocular maior e mais capaz, que conseguisse adaptar-se à falta de claridade e pudesse processar mais fácil e rapidamente as imagens para o cérebro.

Eiluned Pearce, perita da Universidade de Oxford, decidiu verificar a teoria, comparando os crânios de 32 Homo sapiens aos de 13 fósseis neandertais, e descobriu que os segundos possuiam órbitas um pouco maiores - registando um aumento de cerca de 6 milímetros.

Embora não pareça muito significativo, o 'crescimento' do globo ocular do Neandertal permitiu, não só a melhoria da acuidade visual, mas resultou, também, num uso maior do cérebro para o processamento da informação.

"Desde que [o Neandertal] se começou a desenvolver em latitudes maiores, o seu cérebro passou a dedicar-se mais às funções visuais e ao controlo do corpo, deixando de se preocupar tanto com as funções sociais", disse Pearce em entrevista à BBC News.

Chris Stringer, outro investigador que, juntamente com Eiluned, procura justificar a morte do Homem de Neandertal, recorrendo à pesquisa no Museu de História Natural de Londres, explica: "Nós deduzimos que o Neandertal tinha uma parte cognitiva do cérebro um pouco mais reduzida e que isto o limitava de certa forma na formação de grandes grupos. Ao viver numa grande comunidade é necessário um cérebro maior para poder processar as relações extra".

Com uma estrutura mais direccionada para a visão e para as tarefas a ela associadas, o cérebro do Homo Neanderthalensis afetou a sua capacidade de inovação e de adaptar a períodos difíceis, como a idade do gelo, à qual não sobreviveu.

Este estudo, embora confirme certas limitações do Homem de Neandertal, vem quebrar o estereótipo de que ele era uma espécie desprovida de inteligência.

"Eles eram muito, muito espertos, no entanto não competiam na mesma liga que o Homo sapiens", diz Robin Dumbar, responsável pelo estudo. "Foi esta diferença que manteve o equilíbrio durante o final da última idade do gelo".


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