O monstro-de-gila vive nos Estados Unidos e México
O monstro-de-gila é dos poucos lagartos venenosos em todo o mundo. Vive no Sul dos Estados Unidos e no Norte do México, a sua pele é salpicada a preto e rosa, tem a língua bifurcada – e da sua saliva já se desenvolveu um medicamento para controlar os níveis de açúcar no sangue na diabetes do tipo 2. Cientistas suecos descobriram agora que essa substância da saliva do monstro-de-gila também tira o apetite.
O medicamento para a diabetes, conhecido por exenatida, é uma versão sintética de uma substância natural chamada exendina-4. Ora é a exendina-4 que é produzida pelas glândulas salivares do monstro-de-gila, ou Heloderma suspectum, e entra na sua corrente sanguínea enquanto come as presas. Alimenta-se de pequenas aves, outros lagartos, roedores e ovos.
E embora dê nas vistas com o corpo colorido que tem, com 60 centímetros de comprimento, é bastante tímido e passa grande parte do tempo em abrigos subterrâneos, principalmente em zonas desérticas.
Pelo menos em experiências em ratos, a equipa de Karolina Skibicka, da Universidade de Gotemburgo, e os colegas mostraram que a exendina-4 tem um efeito inesperado, ao reduzir o apetite aos animais. Os resultados estão publicados na revista científica Journal of Neuroscience. “Isto era tanto desconhecido, como inesperado”, diz Karolina Skibicka, citada num comunicado da sua universidade.
“A maior parte das dietas falha porque estamos obcecados pela vontade de comer, principalmente alimentos tentadores como doces. Como a exendina-4 suprime o desejo por comida, pode ajudar quem é obeso a controlar o peso”, refere outra investigadora da equipa, Suzanne Dickson.
Para a equipa, o mecanismo que explica este efeito anoréctico está ligado às regiões cerebrais implicadas nos circuitos da recompensa e da motivação. Estas são as primeiras provas, sublinha a equipa, de que a exendina-4 regula esses circuitos neuronais. Portanto, desta descoberta podem resultar maneiras de controlar a obesidade ou distúrbios alimentares, como quando se come compulsivamente.
A saliva do monstro-de-gila vai continuar a inspirar a equipa sueca, que tem uma nova hipótese que quer testar: será que a exendina-4 também interfere na dependência do álcool? A equipa pensa que sim, porque, diz Karolina Skibicka, as regiões cerebrais envolvidas no apetite também controlam o desejo por álcool. Quem sabe se a saliva do monstro-de-gila de não vai dar mais medicamentos.
fonte: Público
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