segunda-feira, 28 de maio de 2012

Missão a Marte é executável


Os especialistas russos preparam-se para criar, durante este ano, a primeira maquete funcional de uma central nuclear de potência megavática para voos espaciais de longa distância.

O módulo de transporte nuclear será o contributo tecnológico principal da Rússia para a expedição internacional a Marte.

O enigmático planeta vermelho ainda não abriu mão dos seus segredos. Os primeiros planos realistas de voos tripulados a Marte foram concebidos no final da década de 60 do século passado, mas no geral a humanidade continua a marcar passo na órbita terrestre. É que os reatores químicos tradicionais para foguetão são inadequados para viagens interplanetárias prolongadas, segundo afirma Alexander Zhelezniakov, membro da Academia Russa de Cosmonautica Ziolkovski:

"Por esse facto, as naves espaciais enviadas da Terra para os planetas distantes demoram muito tempo a antingi-los. Em primeiro lugar, esses vôos são pouco numerosos. Em segundo lugar, os próprios aparelhos espaciais são de pequenas dimensões e de massa reduzida."

Os motores nucleares para foguetão (MNF) são uma excelente alternativa aos motores actuais a combustível sólido ou líquido. Os MNF começaram a ser concebidos há mais de meio século na URSS e nos EUA. Ambos funcionavam pelo mesmo princípio: o agente activo (hidrogénio líquido) era aquecido no reator nuclear e ao ser ejectado pelos bocais provocava o impulso. Apesar das modernizações, esses motores nunca sairam da Terra. Uma das razões para isso é o elevado risco de explosão do reator em caso de sobreaquecimento e o escape de elevadas doses de radioactividade. O novo projeto russo de um módulo de transporte a energia nuclear resolve de forma radical o problema de segurança. A nave prevê utilizar motores electroreactivos iónicos em que o impulso é criado por um fluxo de iões acelerado por um campo eléctrico. O reator nuclear apenas produz a corrente necessária ao funcionamento do motor eléctrico, explica Yuri Zaytsev, conselheiro académico da Academia das Ciências de Engenheria da Rússia.

"O motor nuclear possui uma série de vantagens pela sua potência e independencia, podendo a sua energia ser usada tanto para o propulsor, como para a manutenção do funcionamento da nave e para a resolução de outros problemas."

Planeia-se a utilização de centrais nucleares para impulsionar as sondas de investigação que se destinam aos planetas longínquos, funcionando como se fossem rebocadores espaciais. A prazo, também se poderá falar em viagens espaciais tripuladas, incluindo a Marte. No entanto, considera Yuri Zaytsev, não será para breve: só para além de 2050. E o problema maior será proteger os cosmonautas da radiação iónica mortal.

"Como ainda só voamos em órbitas circum-terrestres, estamos protegidos pelo campo magnético da Terra das partículas com carga pesada do espaço exterior. Um dos elementos electrónicos da estação Phobos-Grunt foi avariado precisamente pelas particulas pesadas. Se uma partícula atravessasse um ser humano, isso ser-lhe-ia fatal."

Neste momento uma viagem tripulada a Marte é apenas uma perspetiva atraente. Os cientistas russos consideram necessária a tentativa de enviar mais uma missão a Phobos, satélite de Marte. Prevê-se para 2018 o envio a Phobos do aparelho espacial Bumerangque será uma versão ligeira da estação inter-planetária automática russa Phobos-Grunt.


Sem comentários:

Enviar um comentário