segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

China queria-a de volta, mas múmia escondida em escultura permanece na Holanda


As imagens da tomografia computorizada à estátua correram mundo em 2013 © Museu de Drente

Um tribunal de Amesterdão recusou-se a resolver um litígio sobre a propriedade de uma estátua de Buda que contém os restos mumificados de um monge.

O tribunal da capital holandesa rejeitou o caso na quarta-feira, ao concluir que os dois comités de aldeias chineses que procuravam a propriedade da estátua contestada não são pessoas coletivas, pelo que não podem apresentar uma queixa. As aldeias podem recorrer da sentença.

As aldeias, identificadas pelo tribunal como Yangchun e Dong Pu no sudeste da província de Fujian, alegam que uma estátua que contém os restos mortais de um monge do século XI foi roubada do seu templo comum em 1995 e que acabou na coleção de um comerciante de arte holandês, Oscar van Overeem.

Em 1996, Overeem pagou 40 mil euros pela estátua e, durante as audiências, afirmou que estava disposto a colaborar com a devlução do artefacto. No entanto afirmou que começou a ter dúvidas e hoje crê que a sua estátua não é a mesma que desapareceu de um templo em 1995. "Foi-me dito que a estátua em falta tinha um buraco na mão esquerda, entre o dedo indicador e o polegar. Tão grande que havia espaço para outro dedo dentro. O pescoço, por outro lado, tinha que estar partido, e não foi assim que o comprei", declarou em tribunal, em outubro.

O advogado dos chineses, Jan Holtius, disse por sua vez que Overeem se recusou a que ocorresse uma investigação independente.

Em 2013, uma tomografia computorizada revelou que no interior da estátua banhada a ouro do colecionador e comerciante se encontrava uma múmia de 1,2 metros. As fotos correram mundo e em 2014 os habitantes de Yangchun disseram reconhecer a estátua. Segundo os chineses, os restos mortais são do monge budista Zhang Qisan, que morreu no século XI ou XII, venerado pelas duas povoações chinesas.

Ascese extrema

Quando a escultura esteve exposta no Museu de Drente, o conservador Vincent van Vilsteren explicou: "Quando foi separado da sua base, foram encontrados rolos de tecido com caracteres chineses. Dentro, estava um homem perfeitamente mumificado e presume-se que se preparou para a automumificação. Uma ascese extrema que inclui uma dieta rigorosa para se livrar da gordura corporal e um chá venenoso que causa vómitos e evita que os vermes corrompam o corpo de imediato. Se corresse bem, após a morte era levado para um templo como um Buda."


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