segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

A estrela mais brilhante no céu esconde um ninho de estrelas


Se tem observado o céu noturno nas últimas semanas, é possível que tenha “tropeçado” numa estrela muito brilhante perto da constelação de Orion. Recentemente, um astrónomo amador fotografou-a com um filtro que a obscureceu – revelando o cluster de estrelas Gaia 1.

A estrela em causa é Sirius, um sistema estelar binário, um dos mais próximos do Sol – apenas a 8 anos-luz de distância – e a estrela mais brilhante de todo o céu noturno, visível de quase todos os lugares da Terra, exceto das regiões mais setentrionais.

Conhecida desde a Antiguidade, esta estrela desempenhou um papel fundamental na manutenção do tempo e da agricultura no antigo Egito, uma vez que o seu retorno ao céu estava ligado à inundação anual do Nilo. Na mitologia da Grécia Antiga, representava o olho da constelação de Cão Maior, o cão que segue diligentemente Orionte, o Caçador.

As estrelas deslumbrantes, como Sirius, são uma bênção e uma maldição para os astrónomos. A sua aparência brilhante fornece muita luz para estudar as suas propriedades, mas também ofusca outras fontes celestiais que se encontram no mesmo ponto do céu.

Na imagem acima, obtida pelo astrónomo amador Harald Kaiser, no dia 10 de janeiro, em Karlsruhe, uma cidade no sudoeste da Alemanha, Sirius foi encoberta com um filtro.

Assim que o brilho de Sirius é removido, um objeto interessante torna-se visível à sua esquerda: o enxame estelar Gaia 1, observado pela primeira vez o ano passado, utilizando dados do satélite Gaia da ESA.

Gaia 1 é um enxame aberto – uma família de estrelas nascidas ao mesmo tempo e mantidas unidas pela gravidade – e está localizado a cerca de 15.000 anos-luz de distância.

O seu alinhamento, por acaso, ao lado de Sirius, manteve-o escondido de gerações de astrónomos, que têm varrido o céu com os seus telescópios nos últimos quatro séculos. Mas não para o olho inquisitivo do observatório Gaia, que traçou mais de mil milhões de estrelas na nossa galáxia Via Láctea.

Harald Kaiser soube da descoberta deste aglomerado durante uma conferência sobre a missão do Gaia e esperou zelosamente por um céu claro para tentar observá-lo, usando o seu telescópio de 30 cm de diâmetro.

Depois de cobrir Sirius no sensor do telescópio – criando o círculo escuro na imagem – conseguiu registar algumas das estrelas mais brilhantes do aglomerado Gaia 1.

Gaia 1 é um dos dois grupos de estrelas, anteriormente desconhecidos, que foram descobertos ao contar estrelas a partir do primeiro conjunto de dados de Gaia, que foi lançado em setembro de 2016.

Os astrónomos estão ansiosos pelo segundo lançamento de dados do Gaia, planeado para 25 de abril, os quais oferecerão vastas possibilidades para novas e emocionantes descobertas.

fonte: ZAP aeiou

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