Núcleo expositivo dedicado aos achados paleontológicos da região de Loulé Foto: Nathaly Rodrigues/LOULÉ HÁ MAIS DE 220 MILHÕES DE ANOS: OS VERTEBRADOS FÓSSEIS DO ALGARVE TRIÁSICO/Universidade Nova de Lisboa
Os primeiros fósseis em Portugal de placodontes, répteis aquáticos que viveram e se extinguiram há cerca de 220 milhões de anos, foram encontrados em Loulé por paleontólogos da Universidade Nova de Lisboa.
Os paleontólogos Hugo Campos e Octávio Mateus, da Universidade Nova de Lisboa, disseram à agência Lusa que, em 2016, encontraram "ossos das costelas e da carapaça" de placodontes, mas só agora divulgaram a descoberta através da publicação do estudo, inserido no catálogo da exposição "Loulé: Territórios. Memórias. Identidades", patente no Museu Nacional de Arqueologia.
"Os placodontes são um grupo de répteis que ainda não tinha sido identificado em Portugal, mas que já é conhecido noutras partes do mundo", explicou Octávio Mateus, que orientou a tese de mestrado em paleontologia de Hugo Campos sobre os vertebrados do triásico algarvio.
O estudo "Loulé há mais de 220 Milhões de anos: os vertebrados fósseis do Algarve triásico", agora publicado, a que a Lusa teve acesso, descreve que os placodontes viveram durante o triásico, entre 250 e 200 milhões de anos, no mar, em águas pouco profundas, alimentavam-se de moluscos e possuíam umas placas ósseas que lhes davam uma aparência semelhante à das tartarugas.
Um grande número dessas placas ósseas, que os cientistas apelidam de "osteodermes", foram encontradas nos concelhos de Loulé e Silves em 2016 e 2017.
Os investigadores acreditam que estes placodontes seriam do género "Henodus" pela sua forma hexagonal, plana, alongada e sem ornamentação da carapaça e pela ausência de dentes.
Na aldeia de Penina, Loulé, localiza-se aquela que é considerada a principal jazida do triásico superior de Portugal e uma das mais importantes na paleontologia de vertebrados de Portugal.
Nessa jazida, onde a concentração de fósseis é muito elevada, já foram identificados dez "Metoposaurus algarvensis" (anfíbio semelhante a uma salamandra), bivalves e escamas de peixe ganoides, fitossauros (semelhantes a crocodilos) e placodontes, mas o número pode chegar às duas dezenas de animais.
O triásico, o primeiro período da era mesozoica, foi o período da história em que os continentes estiveram juntos num único supercontinente (Pangeia) e em que os dinossauros e outros animais surgiram e espalharam-se pelo mundo, diversificando-se.
O estudo sobre os vertebrados do triásico do Algarve tem vindo a ser feito por uma equipa internacional, liderada por investigadores da Universidade Nova de Lisboa, financiado pela Câmara Municipal de Loulé, e os fósseis foram preparados nos laboratórios da Universidade Nova de Lisboa e no Museu da Lourinhã.
fonte: Jornal de Noticias
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