quinta-feira, 17 de maio de 2012

Radar gay e não só. Orientação sexual topa-se numa fracção de segundo


Estudo publicado pela revista científica “PloS One” diz que é possível identificar a orientação sexual só de olhar para uma fotografia de rosto em tons cinza, sem cabelo e sem orelhas. E que a sexualidade das mulheres é mais fácil de adivinhar 

O estudo nunca fala de “radar gay”, ou gaydar como popularizaram séries juvenis como “Glee”. Ao longo de 18 páginas, lêem-se os motivos para as experiências realizadas na universidade de Washington. O objectivo era perceber que tipo de processamento facial – o que tem em conta particularidades como olhos e nariz ou o que atenta à configuração do rosto – permite acertar com maior precisão na orientação sexual de um estranho. O prestígio da universidade, mais o da revista que publica os resultados, a “PloS One”, contrasta com a forma como são promovidos, quando hoje se assinala o Dia Internacional Contra a Homofobia. “Depois de verem faces durante menos tempo que um piscar de olho, os universitários conseguiram julgar com uma precisão maior do que o que poderia ser considerado sorte a orientação sexual de terceiros”, lia-se num comunicado. “O seu gaydar persistia mesmo com imagens invertidas.”

Há resultados a sugerir que a orientação sexual é aferível pela expressão facial desde 2008. Este novo trabalho vai mais longe por juntar nas mesmas experiências rostos femininos e masculinos e por querer perceber os mecanismos envolvidos. A tal diferença entre o tipo de processamento facial exigido importa para a psicologia porque estes dois processamentos são associados a identificações sociais diferentes. A exposição a particularidades basta para julgar categorias como género ou raça enquanto a configuração é necessária para critérios de identidade social: familiares, estranhos, famosos ou desconhecidos.

Joshua Tabak, autor do trabalho, recrutou 129 alunas para testar duas hipóteses. Como a sexualidade é uma “categoria mais ambígua” do que género ou raça, seria preciso avaliar sempre a configuração para palpites certeiros. Tabak queria também saber se o “radar” falhava mais nos rostos femininos ou masculinos. As fotografias que permitiram a experiência foram recolhidas em perfis do Facebook, identificados como homo ou heterossexuais. A todas tiraram o cabelo e as orelhas e passaram-nas para tons cinza. Excluíram faces com bijutaria ou maquilhagem. O desafio consistia em observar 96 rostos, com 50 milissegundos para cada um, e depois adivinhar a orientação sexual do retratado. Repetiram a experiência centenas de vezes e o resultado surpreendeu: quando se tratava de mulheres, as cobaias acertaram em 64% dos casos. Nos masculinos, 57%.

Repetiram depois a experiência mas invertendo alguns rostos – quando vemos caras ao contrário reconhecemos mais dificilmente um rosto familiar ou famoso. Os resultados voltaram a surpreender: os palpites continuaram a ser mais precisos do que a sorte ditaria, embora ligeiramente menos precisos do que na primeira experiência. Para Tabak, isto permite na mesma dar o passo em frente: perceber a sexualidade de alguém pode estar ao mesmo nível que ter a noção se uma pessoa é branca ou preta, homem ou mulher. “Os resultados implicam que nas interacções casuais, as pessoas podem perceber com precisão a orientação sexual de terceiros através de vislumbres rápidos do seu rosto.” E se assim for na vida real, diz Tabak, talvez seja “urgente” proteger orientações sexuais minoritárias da discriminação, até porque esta “habilidade espontânea para perceber a orientação sexual de alguém com base na observação” entra em conflito com a ideia de que podemos guardar a nossa sexualidade.

fonte: i online

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