quinta-feira, 12 de julho de 2012

População nativa da América povoou a região em três migrações diferentes


Ilustração mostra as três diferentes ondas de migração que povoaram as Américas, e os diferentes grupos que surgiram delas

Conclusão é de estudo de ADN que mostrou que eles descendem de ao menos três linhas genéticas diferentes vindas da Ásia.

O povoamento das Américas é, há anos, motivo de debate entre os cientistas. A questão que ninguém conseguiu responder até agora é se a migração de povos asiáticos pelo estreito de Bering, na Sibéria, ocorreu em apenas uma onda ou em mais.

Uma análise genética publicada nesta quarta-feira (11) pelo periódico científico Nature mostra indícios de que três grupos diferentes, vindos da Ásia, formaram a população nativa da América. A maioria dos nativos vem de uma base genética chamada de “Primeiro Americano”.

Já um segundo grupo formou os nativos que falam as línguas esquimó-aleutianas e o terceiro os falantes de Na-Dene (grupo que fica no centro e oeste do Canadá e em parte do sudoeste dos Estados Unidos).

“Os resultados constituem um retorno a uma hipótese proposta por três investigadores norte-americanos (J.H. Greenberg, um linguista, C.G. Turner, um antropólogo físico, e S.L. Zegura, um geneticista) em 1986. Além deles outros investigadores já consideravam os esquimós-aleutas e os falantes Na-Dene como possivelmente diferentes do resto dos Nativos Americanos.”, afirmou ao iG Francisco Salzano, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que participou do estudo.

A pesquisa comparou 52 populações nativas da América com 17 da Sibéria para verificar a correlação entre elas – é sabido que o homem chegou à América pela Ásia há ao menos 15 mil anos através de uma ponte natural criada no estreito de Bering durante as eras do gelo.

“O estudo tornou possível analisar o problema da história dos nativos americanos, que vem sendo discutida há mais de um século num nível de detalhamento inimaginável mesmo há pouco tempo atrás. Todo esse conjunto de dados foi analisado de maneira extremamente cuidadosa, utilizando as mais modernas ferramentas de bioestatística e bioinformática. É também um exemplo de como cientistas das mais variadas formações, das Américas e Europa, podem colaborar visando uma meta comum na consideração de um problema que há muito tempo desafiava a nossa argúcia”, explicou Salzano.

Os resultados, porém, pouco dizem sobre a teoria de Clovis que afirma que o homem chegou à América em apenas uma corrente migratória vinda da Ásia há cerca de 13 mil anos.

“No presente estudo não realizamos análises de datações, e portanto, os resultados não consideram a teoria de Clovis”, afirmou Salzano. A teoria de Clovis tem sido cada vez mais contestada. Um dos primeiros a questioná-la, há mais de 20 anos, foi o investigador brasileiro Walter Neves, da Universidade de São Paulo, cuja tese afirma que o homem chegou à América em duas correntes migratórias diferentes formada por grupos biológicos distintos.

fonte: IG

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