Vírus registou mutação e afecta o sistema respiratório destes mamíferos (Foto: Nigel Treblin/AFP)
Um grupo de cientistas identificou uma nova estirpe do vírus da gripe que já matou mais de 160 focas bebés ao largo da costa Nordeste dos Estados Unidos e que se teme que venha a ter também consequências nos humanos.
A nova estirpe do vírus H3N8, segundo os investigadores da Escola de Saúde Pública de Mailman da Universidade de Columbia, parece derivar de uma outra forma que circulava nas aves, mas que agora atingiu estes mamíferos marinhos em Nova Inglaterra. As análises aos corpos que deram à costa permitiu perceber que as focas – quase todas com menos de seis meses – tinham pneumonias graves.
A investigação, publicada no mBio, uma revista científica da Sociedade Americana de Microbiologia, explica que as autoridades começaram a ficar preocupadas ainda em Setembro de 2011, quando várias focas apareceram mortas. Autópsias a cinco corpos permitiram detectar pneumonias e lesões em todas elas compatíveis com uma infecção por um vírus da gripe, que veio a identificar-se como uma nova estirpe do H3N8.
“Quando os testes iniciais revelaram a presença de um vírus da gripe aviária, fizemos uma pergunta óbvia: como é que este tipo de vírus saltou das aves para as focas?”, explicou Simon Anthony, autor principal do estudo. O grupo sequenciou o genoma desta estirpe e percebeu que o vírus em causa descende de uma forma que circulava nas aves da América do Norte desde 2002 e que sofreu agora mutações, conseguindo atingir o sistema respiratório das focas.
Por isso, e tendo em consideração a recente histórica da gripe das aves (H5N1) e da gripe A (H1N1), os cientistas temem que agora chamada gripe das focas (H3N8) venha a representar um perigo para a saúde pública se sofrer alguma mutação que lhe permita infectar pessoas. O H5N1 continua a ser raro, mas já matou quase metade das pessoas infectadas desde a primeira pandemia, que surgiu em Hong Kong em 1997. A Organização Mundial de Saúde contabilizou 606 casos humanos de gripe aviária desde 2003, dos quais 357 foram mortais, de acordo com um relatório de Junho.
“As nossas descobertas reforçam a importância de vigiar a vida selvagem para prever e prevenir pandemias”, acrescentou, num comunicado, W. Ian Lipkin, da mesma universidade. “O vírus da sida, a síndrome respiratória aguda, o vírus do Nilo Ocidental e da gripe são exemplos de infecções emergentes que tiveram origem em animais.”
fonte: Público
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