A Agência Espacial Europeia começou a preparação de uma missão a Júpiter. O projeto JUICE, aprovado para realização em 2022, deve pesquisar tanto o próprio planeta-gigante, como seus “satélites gelados” – Europa, Ganimedes e Callisto. Os cientistas russos estudam a possibilidade de participação na missão, mas a realização destes planos depende do programa planetário precedente.
As tarefas da pesquisa de Júpiter, com ajuda da sonda europeia Juice, foram apresentadas na assembleia científica do Comité internacional para pesquisas cósmicas (COSPAR) que se realiza em Mysore (Índia), por Leigh Fletcher (Universidade de Oxford, grupo científico da JUICE). A missão da ACE JUICE, uma “versão reduzida” do projeto mais ambicioso EJSM, foi escolhida no âmbito da realização do programa Cosmic Vision como missão L-classe (L de large – grande)
Os europeus têm pela frente uma tarefa complexa. Inicialmente o projeto EJSM incluía dois satélites: JGO (AEE) para pesquisar Júpiter e Ganimedes e JEO (NASA) para pesquisa de Júpiter e Europa. Os japoneses também pretendiam se juntar à missão, com um engenho para estudo da magnetoesfera de Júpiter. Com isto surgia a possibilidade de estudo detalhado dos satélites do planeta, como também do próprio Júpiter.
Desde 2005, as sondas enviadas da terra têm visitado os maiores planetas do sistema solar somente “sobrevoando”: Cassini – Saturno, New Horizons – Plutão. Apenas recentemente foi a Júpiter a sonda americana Juno, orientada para o estudo da atmosfera do planeta. JUICE, desse modo, tem a finalidade de fechar a “brecha” formada nas pesquisas planetárias de planetas gigantes.
A complexidade consiste em que um engenho deverá estudar tanto Júpiter como três de seus satélites: Europa, Ganimedes e Callisto. Segundo o esquema balístico da expedição apresentado, para o estudo de Júpiter, inclusive de suas altas latitudes, estão previstos 26 meses, depois do que o engenho mudará de órbita e irá pesquisar os satélites.
Debateu-se amplamente a tarefa de procurar nos satélites vestígios de vida ou de substâncias – predecessoras de organismos vivos. Mas também o próprio Júpiter não é menos interessante como laboratório cósmico para o estudo da dinâmica do líquido. Por isso, se Juno, que já se dirige ao planeta, irá estudar as camadas da atmosfera mais profundas, JUICE concentrar-se-á nas camadas superiores, tanto na vertical (estudo da transferência da energia, formação de nuvens) como na horizontal (os processos que ocorrem em diferentes latitudes, nas regiões polares e sua ligação com a magnetoesfera e auroras polares.) Mais uma questão em aberto são as variações da atmosfera. Para realização destas tarefas são necessários aparelhos que funcionem em amplo espectro de estudo eletromagnético (desde ultravioleta até ao diapasão de rádio) com alta resolução de espaço e tempo.
O projeto JUICE representa um certo interesse também para a Rússia, porque há aproximadamente dois anos, durante a elaboração da concepção do projeto EJSM, cientistas russos propuseram aderir a ele com engenho de desembarque no satélite de Júpiter – Europa. Em seu aspecto atual, o projeto JUICE não prevê uma permanência prolongada do engenho no Europa, por isso a Rússia terá também de rever o roteiro da missão: ou enviar um engenho que examinará tudo já no local, ou enviar a Ganimedes, que é considerado mais promissor do ponto de vista de buscas de vestígios de vida, ou condições para sua existência.
Aliás, deve-se entender que o engenho de desembarque no sistema de Júpiter é um projeto excepcionalmente complexo e não há muito tempo para sua realização. O próximo lançamento no âmbito do programa planetário russo está planeado para 2014 – é o projeto conjunto russo-indiano “Luna-Resurs”, que também inclui um engenho de desembarque russo. Adiante, segundo os planos anunciados recentemente pelo Roskosmos, até 2018 planeja-se realizar cerca de dez missões científicas e, inclusive, continuar o trabalho de pesquisa da Lua.
Será tudo isto compatível com o voo a Júpiter? Por um lado, a prática das agências mundiais mostra que, ao lado de missões de menor envergadura, ocorre a preparação de grandes projetos centrais – como pode ser o jupiteriano para a Rússia. Por outro lado na situação da Rússia, possivelmente, seria mais correto seguir o caminho da recuperação gradual da indústria, com lançamentos mais frequentes, porém menos complexos, com a elaboração consequente de diferentes sistemas.
fonte: Voz da Rússia
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