Concepção artística de um planeta muito distante do Sol, cuja existência poderá ser confirmada pela análise dos dados do Telescópio WISE, da NASA
O observatório espacial WISE, da NASA, pode ter encontrado um quase mitológico Planeta X, um filho rebelde do Sol que prefere viver bem longe de casa.
Embora tenha sido lançado com a expectativa de encontrar uma Estrela X, parece que o Planeta X parece ser um achado mais provável da sonda.
O observatório WISE já terminou sua recolha de dados e actualmente está em hibernação no espaço, à espera de um possível uso futuro, enquanto os cientistas trabalham sobre os dados.
Uma divulgação preliminar das primeiras 14 semanas de dados está prevista para abril de 2011, e a versão final da pesquisa completa está prevista para março de 2012.
Contudo, nesta semana, a NASA divulgou uma sugestiva coleção de perguntas e respostas sobre a teoria do Planeta X.
A reportagem refere-se a um artigo de John Matese e Daniel Whitmire, onde os cientistas defendem que os dados recolhidos pelo WISE podem ter registado o Planeta X, que eles chamam de Tique (Tyche), a irmã boada deusa Nêmesis.
Telescópio WISE
WISE é um telescópio que vê o universo em infravermelho. Seu nome é uma sigla para Wide-field Infrared Survey Explorer - pesquisa exploratória em infravermelho com visão de campo largo, em tradução livre.
Lançado em dezembro de 2009, ele fes um scanner uma vez e meia o céu inteiro em quatro comprimentos de onda do infravermelho, capturando mais de 2,7 milhões de objectos no espaço, de galáxias distantes até asteroides e cometas relativamente próximos à Terra.
Como continuava em boa saúde ao final dessa que era sua missão primária, o WISE completou uma missão estendida, na qual foi feita uma varredura completa do cinturão de asteroides, e duas varreduras completas do universo mais distante, em duas faixas de infravermelho.
Até agora, contam entre as descobertas da missão vários corpos celestes anteriormente desconhecidos, incluindo uma estrela uma anã castana ultrafria, 20 cometas, 134 objectos próximos da Terra (NEOs), mais de 33.000 asteroides no cinturão principal entre Marte e Júpiter e até um belíssimo pássaro celeste.
Escondido nos dados captados pelo telescópio WISE, os astrofísicos acreditam estar um planeta joviano desconhecido, numa longa órbita ao redor do Sol. Aqui, a Via Láctea observada em infravermelho
Alguns astrónomos afirmam que pode existir um enorme planeta, maior do que Júpiter, orbitando o Sol, mas com uma órbita tão distante que o colocaria dentro de uma estrutura chamada Nuvem de Oort.
A Nuvem de Oort é ela própria uma estrutura hipotética, uma espécie de depósito que os astrónomos acreditam ser a fonte de todos os cometas que atravessam o Sistema Solar.
Veja abaixo os esclarecimentos divulgados pela NASA, na forma de um FAQ do Planeta X.
Quando os dados do WISE poderão confirmar ou descartar a existência do hipotético planeta Tique?
É muito cedo para saber se os dados do WISE confirmam ou descartam um objecto grande na Nuvem de Oort. Serão necessárias análises ao longo dos próximos dois anos para determinar se realmente o WISE detectou esse mundo ou não.
As primeiras 14 semanas de dados, que serão divulgadas em abril de 2011, provavelmente não serão suficientes. O levantamento completo, com divulgação prevista para março de 2012, deverá proporcionar mais informações.
Depois que os dados do WISE forem totalmente processados, libertos e analisados, a hipótese da existência de Tique, feita por Matese e Whitmire, poderá então ser testada.
É certeza que o WISE teria observado tal planeta, se ele existir?
É provável, mas não uma conclusão definitiva, que o WISE poderia confirmar ou não se Tique existe.
Como o WISE examinou o céu inteiro uma vez, e depois cobriu o céu inteiro novamente em duas de suas bandas infravermelhas seis meses depois, ele poderia ver uma mudança na posição aparente de um grande planeta na nuvem de Oort, nesse período de seis meses.
As duas bandas utilizadas na segunda varredura do céu foram escolhidas para identificar estrelas frias muito pequenas - as anãs castanhas - que são muito parecidas com planetas maiores do que Júpiter, como se supõe que Tique seria.
Se Tique existe de facto, por que teria levado tanto tempo para encontrarmos um outro planeta do nosso Sistema Solar?
Tique seria muito frio e com um brilho tênue demais para que um telescópio de luz visível pudesse captá-lo.
Telescópios sensíveis na faixa do infravermelho podem captar o brilho de um objecto assim, se estiver olhando na direção certa.
O WISE é um telescópio sensível de infravermelho que vê em todas as direções.
Por que o planeta hipotético é chamado de Tique, e por que escolher um nome grego quando os nomes de todos os outros planetas derivam da mitologia romana?
Na década de 1980 foi sugerida a existência de um companheiro diferente do Sol.
Propôs-se que esse objecto, baptizado com o nome da deusa grega Némesis, explicaria as extinções em massa periódicas na Terra.
Némesis teria uma órbita altamente elíptica, perturbando os cometas na Nuvem de Oort aproximadamente a cada 26 milhões de anos, enviando uma chuva de cometas em direção ao interior do Sistema Solar.
Alguns desses cometas teriam chocado com a Terra, causando resultados catastróficos para a vida.
Análises científicas mais recentes já não dão apoio à ideia de que as extinções na Terra acontecem em intervalos regulares. Assim, a hipótese de Némesis não é mais necessária.
No entanto, é possível que o Sol tenha um companheiro distante, nunca visto, numa órbita mais circular, com um período de alguns milhões de anos - que não causaria efeitos devastadores para a vida na Terra.
Para distinguir esse objecto da malévola Némesis, os astrónomos escolheram o nome de sua benevolente irmã na mitologia grega, Tique.
fonte: Inovação Tecnológica