terça-feira, 22 de maio de 2012

Funcionamento do cérebro mudou em 12 pessoas que deixaram de ter medo das aranhas

Ao fim de seis meses, os pacientes continuavam a segurar nas tarântulas

Ao fim de seis meses, os pacientes continuavam a segurar nas tarântulas 

A fobia pode atingir graus incapacitantes. Pode fazer com pessoas com aracnofobia não entrem num quarto durante dias por acreditarem que uma aranha está lá dentro. Mas um tratamento isolado, que durou várias horas, conseguiu que 12 pacientes deixassem de ter medo e fossem capazes de tocar numa tarântula passado seis meses. Pela primeira vez, conseguiu-se verificar a mudança no cérebro que reflecte a diminuição da fobia, refere um artigo publicado na revista norte-americanaProceedings of the National Academy of Science. 

Uma equipa de investigadores da Universidade de Northwestern, em Chicago, nos Estados Unidos, fez um tratamento único contra o medo em 12 pessoas com fobia extrema a aranhas. “Antes do tratamento, alguns destes participantes não conseguiam caminhar num campo de relva com medo de que houvesse aranhas ou não entravam em casa ou num quarto durante dias se acreditassem que estava lá uma aranha”, disse Katherina Hauner, autora do artigo, em comunicado.

A aracnofobia, uma das várias fobias, é dos problemas mais comuns de ansiedade e afecta 7% da população. Antes da sessão, os participantes até tinham medo de olhar para fotografias de aranhas e, quando o faziam, o cérebro disparava nas regiões associadas ao medo durante um exame de ressonância magnética. Ou seja, a região da amígdala, da insula e do córtex cingulado activavam-se. Quando se pedia a estes 12 pacientes para se aproximarem de uma tarântula que estava numa caixa, eles ficavam a mais de que três metros de distância.

Depois, os investigadores fizeram uma única sessão de tratamento, que envolveu uma aproximação gradual ao aracnídeo. Durante a sessão, Katherina Hauner falou das tarântulas e desmistificou muitas ideias que aterrorizavam os doentes, mas não eram verdade. “Eles pensavam que as tarântulas eram capazes de saltar da caixa e atacá-los”, disse a investigadora. “Alguns pensavam que as tarântulas eram capazes de planear algo maléfico para os magoar de propósito. Expliquei-lhes que elas são frágeis e estão mais interessadas em esconder-se.”

Pouco a pouco, os pacientes conseguiram aproximar-se das tarântulas a passos lentos, tocaram no vidro externo do terrário, tocaram na tarântula com um pincel, depois com uma luva e, finalmente, tiveram as tarântulas a andar nas mãos. Um novo exame ao cérebro, feito logo após a terapia, revelou uma diminuição da actividade nas regiões do cérebro associadas ao medo, quando os pacientes olhavam para uma fotografia de aranhas.

Esta diminuição manteve-se passados seis meses, quando voltaram a pedir aos pacientes que tocassem outra vez nas tarântulas. “Dirigiram-se imediatamente [à tarântula] e tocaram-lhe”, revelou Hauner. “Foi incrível vê-los, lembro-me de quão aterrorizados estavam no início.”

fonte: Público

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