quinta-feira, 11 de abril de 2013

Um cientista à prova de radiações de plutónio


Nagasáqui após a explosão da bomba atómica lançada sobre a cidade a 9 de agosto de 1945 Fotografia © Reuters

Theodore Magel, um dos cientistas envolvidos no Projeto Manhattan, apesar de ter sido submetido, acidentalmente, a altas doses de radiação de plutónio em 1944, sobreviveu até 2008 sem sofrer as consequências habituais nas pessoas afetadas por elevados níveis de radiação. Por este motivo, Magel integrou o restrito clube conhecido pela sigla UPPU - que significa, em inglês, "You Pee Plutonium" ("Tu urinas plutónio").

Theodore Magel viveu a maior parte da sua vida como um homem radioativo, urinando plutónio ao longo de 64 anos, desde que, enquaqnto manipulava uma certa quantidade de plutónio através de uma vitrina isolante e com recurso a luvas à prova de radiações, picou-se com uma agulha, com tal azar que rasgou uma das luvas e um pequeno fragmento de plutónio ficou incrustrado sob a sua pele. O acidente deveria ter-lhe custado a vida, mas veio a sair incólume, só vindo a morrer aos 89 anos de idade, em 2008.

A história de Magel é contada hoje pelo diário espanhol ABC, que cita o blogue Yorokobu, onde se descreve como um restrito de grupo de cientistas envolvidos no programa nuclear dos Estados Unidos - o Projeto Manhattan, na origem das bombas atómicas lançadas a 6 e 9 de agosto de 1945, respetivamente, sobre as cidades japonesas de Hiroxima e Nagasáqui - sobreviveu às doses de radiações a que foram sujeitos durante o desenvolvimento do projeto.

O plutónio, o elemento mais radioativo na tabela periódica, pode originar toda uma série de cancros e a morte da vítima num curto espaço de tempo. E era isto que se esperava quando Magel entrou em contato direto com a substância, mas os dias foram passando e o cientista não apresentava os temíveis sintomas habituais.

Magel foi desde então seguido por uma equipa especial de médicos das forças armadas dos EUA, que foram avaliando os efeitos do plutónio no seu corpo, aparentemente insensível aos efeitos das radiações. O acompanhemento constante daquela equipa apenas revelou que Magel foi expulsando, de forma rotineira, pequenas quantidades de plutónio através da sua urina.

O diário espanhol conclui que, assim como Magel, os restantes membros do peculiar clube UPPU morreram todos com idade avançada e com menos problemas de saúde que os seus congéneres de outros departamentos do exército americano. E isto apesar de terem sido alvo de um nível de radiações equivalentes à realização de dez mil a cem mil radiografias ao tórax - níveis suficientes para matar uma pessoa, escreve o ABC.


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