Uma equipa de cientistas acredita que Vénus foi, no passado, um mundo com condições para alojar vida. De acordo com os cientistas, terá sido um oceano que, paradoxalmente, ditou o fim da sua habitabilidade.
Em comunicado, a Universidade de Bangor, no País de Gales, observa que, apesar de Vénus ser hoje um lugar muito inóspito, com temperaturas superficiais quentes o suficiente para derreter chumbo, o seu passado pode ter sido muito diferente.
Segundo a equipa, que sustenta a argumentação em testes geológicos e em modelos computorizados, Vénus pode ter sido mais frio há mil milhões de anos e ter tido até um oceano, havendo por isso algumas semelhanças com a Terra.
Contudo, não é só a temperatura e a atmosfera altamente corrosiva que distanciam o Vénus de hoje do planeta Terra. O segundo planeta do Sistema Solar gira muito lentamente, levando 243 dias terrestres para completar um dia venusiano. No passado, este movimento pode também ter sido mais rápido, escrevem os cientistas, o que teria ajudado a tornar o planeta mais habitável.
As marés atuam para retardar a velocidade de rotação dos planetas devido ao atrito entre as correntes de maré e o fundo do mar. Hoje em dia, na Terra, esta “travagem” muda a duração de um dia em cerca de 20 segundos a cada um milhão de anos.
O novo estudo levado a cabo pelo cientista Mattias Green da Escola de Ciências Oceânicas da Universidade de Bangor e por uma equipa da NASA e da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, quantificaram este efeito de frenagem no Vénus do passado.
A investigação, cujos resultados foram esta semana publicados na revista científica The Astrophysical Journal Letters, revelou que as marés de um oceano venusiano terão sido grandes o suficiente para diminuir a velocidade de rotação de Vénus em dezenas de dias terrestres num milhão de anos.
Este resultado sugere que o “travão” imposto pela maré pode ter atrasado Vénus até ao seu estado de rotação atual em 10 a 50 milhões de anos e, consequentemente, tenha evitado que Vénus fosse habitável por um curto espaço de tempo.
“O nosso trabalho mostra como é que as marés podem ser importantes para remodelar a rotação de um planeta, mesmo que esse oceano só exista por cerca de 100 milhões de anos, e como é que as marés são importantes para tornar um planeta habitável”, apontou o Mattias Green, citado na mesma nota de imprensa.
fonte: ZAP
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