sexta-feira, 18 de maio de 2018

Nebulosa da Formiga disparou um laser em direção à Terra


Uma equipa internacional de astrónomos descobriu, com surpresa, uma rara emissão de laser proveniente da distante e "inconfundível" Nebulosa da Formiga

A emissão foi detetada pelo observatório Herschel da Agência Espacial Europeia e está a ser encarada pelos cientistas como uma pista preciosa e rara sobre o que se passa no centro da "espetacular" Nebulosa da Formiga, na constelação de Norma a cerca de 3 mil anos luz da Terra.

Quando estrelas do tamanho do nosso Sol chegam ao fim das suas vidas, transformam-se em anãs brancas e densas que ejetam as suas camadas exteriores de gases e poeira, criando uma nebulosa.

A Nebulosa da Formiga é uma dessas nuvens de poeira, hidrogénio, hélio e outros gases ionisados e a emissão de laser agora detetada sugere que o seu formato original - que lhe valeu o nome informal - esconde um segredo sobre a morte da sua estrela.

"Detetámos um tipo de emissão muito raro chamada emissão de laser de recombinação de hidrogénio, que só é produzida num espetro muito estreito de condições físicas", explica Isabel Aleman, principal autora do artigo onde é descrita a descoberta. Para ocorrer este tipo de emissões é necesária a existência de um gás muito denso (10 mil vezes mais denso que o gás numa nebulosa típica) junto à estrela. Ora as regiões espaciais junto a uma estrela morta são normalmente vazias porque o seu material foi ejetado para fora. Isto quer dizer que não é o caso do centro da Nebulosa da Formiga.

Albert Zijlstra, co-autor do artigo, junta que a única forma de manter um gás tão denso junto a uma estrela é se estiver a orbitá-la em disco e uma explicação para haver um gás destes em órbita é a existência de uma segunda estrela, que até agora os astrónomos ainda não conseguiram observar.

“Este estudo sugere que a inconfundível Nebulosa da Formiga, como a vemos hoje, foi criada pela natureza complexa de um sistema estelar binário, que influencia a forma, propriedades químicas e evolução nestes estágios finais da vida de uma estrela,” diz Göran Pilbratt, Cientista do projeto Herschel da ESA.

A existência de lasers no espaço foi sugerida precisamente pelo astrónomo Donald Menzel, o primeiro a observar e classificar a Nebulosa da Formiga nos anos 20 (o seu nome oficial é Menzel 3, por isso), bem antes da descoberta e da primeira operação bem-sucedida com lasers nos laboratórios em 1960.

fonte: Visão

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