domingo, 2 de junho de 2019

Equipamento usado para confirmar Teoria da Relatividade pode agora ser visto Brasil


Celostato que foi usado em Sobral no dia do eclipse solar em 1919 está agora exposto ao público.

O equipamento usado pelos astrónomos britânicos que há cem anos observaram, na cidade brasileira de Sobral, o eclipse solar que confirmou a Teoria de Relatividade, foi exposto pela primeira vez na quarta-feira, no município nordestino.

"Este aparelho é um celostato, do telescópio de dez centímetros de abertura que foi usado em Sobral no dia do eclipse em 1919. Este conjunto, que vem com uma lente do mesmo telescópio, foi o que forneceu as melhores fotografias da observação do eclipse do dia 29 de maio em Sobral", afirmou à agência Lusa o físico e professor Emerson Ferreira de Almeida, diretor do Museu do Eclipse de Sobral, onde está exposto o instrumento científico.

O equipamento original foi cedido temporariamente ao estado do Ceará e à prefeitura de Sobral pelo astrofísico Tom Ray, do Instituto de Estudos Avançados de Dublin, Irlanda, responsável pelo instrumento.

Para comemorar o Centenário do Eclipse de Sobral, fenómeno que confirmou a Teoria da Relatividade formulada pelo cientista alemão Albert Einstein, a prefeitura de Sobral e o Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional do Brasil (IPHAN) reinauguraram, na quarta-feira, o Museu do Eclipse, que foi completamente requalificado ao longo do último ano.

"Temos aqui a exposição histórica do Museu do Eclipse repaginada, apresentada num novo formato, com mais informações, para enriquecer o seu processo educacional, porque no Brasil os museus são vistos como ambientes de formação informal. Estamos também a trabalhar com uma ala de experiências interativas, que é uma novidade, aberta ao público, onde as pessoas poderão interagir com alguns equipamentos que já são usados nas escolas de Sobral e, em breve, com os equipamentos exclusivos da nossa ala interativa que estão quase instalados", acrescentou Emerson.

Para se ter noção do que implicou aquele eclipse e da importância que teve no panorama científico mundial do século XX, nomeadamente no ramo da física, é necessário recuar um século.

Pouco antes das 09:00 da manhã do dia 29 de maio de 1919, vários cientistas aguardavam em Sobral, no estado do Ceará, que o Sol fosse encoberto pela Lua, para assim verificarem se a massa dos corpos em causa deformaria o espaço próximo deles, de modo que um raio luminoso fosse desviado por essa deformação, tal como tinha previsto o físico alemão Einstein, em 1915.

No momento em que a Lua cobriu o Sol, câmaras fotográficas incorporadas em telescópios registaram a posição das estrelas e concluíram que Einstein estava certo, pois a luz fez realmente uma curvatura.

Emerson Ferreira de Almeida não tem dúvidas de que o físico alemão Einstein ficaria orgulhoso ao revisitar a cidade brasileira cujo céu foi palco daquele fenómeno natural, e ao constatar "o apreço que Sobral tem dele".

"Tenho a certeza que ele talvez não gostasse das suas estátuas (que Sobral construiu), mas teria um grande apreço pela memória que temos dele, como pessoa, cientista e filósofo que foi. Ele marcou e marca a existência da humanidade. Muito do conhecimento que temos, devemos ao trabalho de Einstein. Eu penso que, no aspeto intelectual, e com aquilo que nós avançamos graças aquilo que ele conseguiu, ele se sentiria orgulhoso", concluiu o diretor do Museu do Eclipse.

Sobral recebeu nos últimos dias palestras, mostras sobre Astronomia, Astrofísica, História do eclipse de 1919, Relatividade Geral e Cosmologia, assim como o lançamento de livros sobre o tema, numa parceria entre a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a prefeitura de Sobral e o Governo do estado do Ceará.

Durante o dia de quarta-feira, foi também lançado, em Sobral, um selo comemorativo do Centenário do Eclipse de Sobral e foi feita uma transmissão simultânea entre a cidade brasileira e a ilha são-tomense do Príncipe, a partir da qual também foi observado o eclipse de 1919, com a participação de várias entidades políticas e científicas de ambas as regiões.

fonte: TSF

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