domingo, 8 de outubro de 2017

Curiosidades dos EUA que até os americanos desconhecem


Sabe donde vem a palavra dólar? Por que Henry Ford chamou T ao seu famoso automóvel? Como eram os primeiros hambúrgueres? O comum dos americanos também não. Mas Bill Bryson, o mais popular dos eruditos, explica-nos estas e outras curiosidades em Made in America, que acaba de ser editado em Portugal pela Bertrand

Autor, viajante e antigo jornalista, Bill Bryson é uma figura altamente popular nos Estados Unidos. Vendeu milhões de livros, detém 11 doutoramentos honoris causa e até já foi representado no cinema pelo ator Robert Redford. A sua obra mais conhecida, Breve História de Quase Tudo (ed. Bretrand), propõe uma viagem pela história do planeta e da ciência - Bryson escreveu-a porque achava que os manuais escolares deixavam de fora as partes mais interessantes.

Agora, a Bertrand acaba de publicar em Portugal o seu livro Made in America(originalmente publicado nos EUA em 1994), onde o autor procura, através da etimologia das palavras, iluminar aspetos mais ou menos obscuros de diferentes facetas da sociedade norte-americana - até as aparentemente mais prosaicas ou insignificantes. Destas páginas divertidas e eruditas, escolhemos dez excertos do livro de Bryson que formam um caleidoscópio sobre a história e a cultura dos Estados Unidos.


Dólar - a moeda da Boémia

«Dollar vem de joachimstaler, moeda cunhada pela primeira vez na cidade de Joachimstal, na Boémia, em 1519 e que depois se espalhou pela Europa com o nome de daler, thaler e táler. No contexto americano, dollar foi registado pela primeira vez em 1683. Dime, ou disme, como estava escrito nas primeiras moedas, é uma corruptela do francês dixième, e deveria ser pronunciada ‘díme’, embora, ao que se julga, quase ninguém o fizesse».


Franklin e a arte do engate

«A vida de Franklin é um exemplo de diligência incansável. Inventou uma infinidade de objetos úteis e ajudou a criar o primeiro corpo de bombeiros voluntários dos Estados Unidos, a primeira companhia de seguros contra incêndios (a Hand-in-Hand), uma das primeiras bibliotecas de Filadélfia […]. E, no meio de tudo isto, ainda conseguiu arranjar tempo - mesmo muito tempo - para prosseguir a sua maior paixão, embora a menos celebrada: to roger (engatar) toda e qualquer mulher que lhe passasse pela frente».


O primeiro livro escrito à máquina

«Mark Twain foi a primeira pessoa a escrever um livro numa máquina de escrever, a typemachine, como ele insistia em chamar-lhe. Orgulhou-se disso numa nota autobiográfica, dizendo que tinha sido As Aventuras de Tom Sawyer, mas a memória traiu-o. Foi A Vida no Mississípi».


Alfabeto Ford

«Ainda na primeira metade da década [1910-1920], a América detinha 85 por cento da produção de carros em todo o mundo […].

Grande parte do mérito de tudo isto pode ser atribuído a uma única pessoa, Henry Ford, e a um veículo estranhamente chamado modelo T. Ford usou sempre iniciais para os primeiros carros, mas de uma maneira decididamente fortuita. Por razões, ao que parece, que ninguém registou, resolveu desprezar sequências completas do alfabeto. Os seus primeiros modelos foram o A, B, C, F, K, N, R e o S, antes de finalmente produzir, no dia 1 de outubro de 1908, o seu primeiro carro universal, o modelo T».


O nascimento do computador

«A palavra [computador] existe em inglês desde 1646, mas inicialmente era usada apenas na expressão on who computes (‘aquele que computa’). O nome foi dado em 1872 a um tipo de máquina de somar e finalmente, em 1940, computer adquiriu o significado de máquina desenhada para efetuar cálculos eletrónicos complicados e intricados. A primeira destas máquinas a ser assim denominada foi a Eletronic Numeral Integrator and Computer (ou ENIAC), construída em 1945. […] Nos Estados Unidos, em 1956, não havia mais de uma dúzia de computadores. […] Mesmo em 1976, ano em que a Apple Computer foi fundada, havia pouco mais de 50 mil computadores no mundo. Uma década depois, esse era o número de computadores fabricados diariamente». 


O inventor do centro comercial

«O responsável pela conceção e design do moderno centro comercial não foi um americano, mas o vienense Victor Gruen, que chegou à América fugido do Anschluss [anexação] austríaco em 1938, apenas com oito dólares no bolso. Em doze anos, tornou-se um dos mais bem-sucedidos arquitetos urbanos dos Estados Unidos. Ironicamente, a intenção de Gruen não era a criação de um novo e mais eficiente modo de vender, mas recriar na América a atmosfera relaxada dos cafés de sociedade existentes nos centros urbanos de muitas sociedades europeias. Os shopping centers - ou shopping towns, como ele preferia chamar-lhes - seriam locais onde toda a vizinhança se reuniria, pontos de fuga da comunidade onde as pessoas pudessem passear e encontrar-se com amigos, tomar um café ou comer um gelado, e apenas ocasionalmente fazer compras».


As origens do hambúrguer

«Existem indícios que apontam para já haver um Hamburg steak na ementa do restaurante Delmonico’s, em 1836 ou 1837. A primeira aparição incontestada foi registada no Boston Journal de 16 de fevereiro de 1884, onde se lê: ‘Pega-se numa galinha e coze-se. Quando estiver fria, corta-se tal como se faz com a carne para fazer um Hamburg steak’. Como acontece muitas vezes com as primeiras citações, o contexto torna que por esta altura o prato já era bem conhecido. Infelizmente, indica também que era um prato diferente do que conhecemos hoje, que levava carne cortada em bocados em vez de carne moída, e que era servido frio».


Lóbis e lobistas

«Também em Albany [estado de Nova Iorque] surgiu na mesma altura [década de 1820] o termo muito necessário lobbyist, significando alguém que se passeava no lobby (‘átrio’) do Capitólio, a tentar meter ‘cunhas’ aos legisladores que iam passando. (Passeavam-se no lobby porque lhes era proibido entrar nas câmaras legislativas)».


A bibliotecária que batizou a estatueta dourada

«Nenhum comentário ao léxico hollywoodiano ficaria completo sem a menção por passageira que seja, aos Óscares e à maneira como estas famosas estatuetas douradas obtiveram o seu nome. Poucos termos utilizados em qualquer área criativa engendraram explicações etimológicas mais variadas. Talvez a mais plausível de todas seja a qual segundo Margaret Herrick, bibliotecária da Academy of Motion Pictures Arts and Sciences, terá dito quando viu o protótipo: ‘Oh, faz-me lembrar o meu tio Oscar!’».


A frase mal citada que entrou para a História

«De acordo com o historiador Richard Hanser, [o astronauta Neil] Armstrong ficou espantado e desiludido quando, ao regressar ao seu planeta de origem, verificou que tinha sido mal citado em todo o lado [nos títulos dos jornais]. O que tinha dito fora: That’s one smal step for a man, one giant leap for mankind (‘É um pequeno passo para um homem [ele próprio] e um passo gigante para a humanidade’). O artigo indefinido [‘um’] perdera-se na transmissão».

fonte: Jornal i

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