sábado, 15 de outubro de 2011

As piranhas também rosnam quando estão zangadas


O habitat natural das piranhas é nos rios da América do Sul

Os investigadores da Universidade de Liège sabem melhor do que ninguém, as piranhas mordem e obrigam a visitas ao hospital, a novidade é que comunicam através de sons quando estão a competir por comida, quando medem forças ou entram em perseguições. Os cientistas gravaram sons associados a estes comportamentos e perceberam qual era a origem dos sons, a investigação foi publicada nesta semana na revista The Journal of Experimental Biology.

Já tinha sido documentado que estes peixes produzem sons quando estão a ser manuseados, mas ainda não se tinha descoberto que havia diferentes tipos de sons associados a comportamentos determinados. A equipa de Sandie Millot, Pierre Vandewalle e Eric Parmentier, da Universidade de Liège, na Bélgica, passou várias horas a estudar grupos de piranhas-vermelhas no aquário e a registar o barulho que emitam.

A maior parte do tempo não havia animosidades e os peixes mantinham-se silenciosos, mas quando mediam forças, competiam por alimentação ou perseguiam-se, os hidrofones – microfones resistentes à água – instalados dentro do aquário, captavam sons diferentes.

“Para os animais é menos custoso [a nível energético] fazer muito barulho e impressionar os outros peixes, do que lutar”, disse à BBC News Eric Parmentier, explicando este tipo de comunicação.

Há três tipos de sons que a equipa gravou, que podem ser ouvidos aqui. O primeiro aconteceu durante uma exibição frontal entre dois indivíduos, o som é feito por vários pulsos que parecem rosnidos. O segundo surgiu durante a competição por comida, e parece uma espécie de toque na madeira. O terceiro, que soa a cliques, foi feito quando um peixe perseguia outro.

Os cientistas também identificaram a origem dos sons. Os dois primeiros foram feitos através da vibração da bexiga-natatória, um órgão semelhante a um balão de ar que ajuda os peixes a moverem-se em diferentes profundidades. O terceiro som foi emitido a partir do estalar do maxilar.

A investigação não foi isenta de perigos. As piranhas têm os dentes em forma de serra e os cientistas sentiram na pele a sua força. “Ambos visitámos o hospital porque fomos mordidos e o dedo do Sandie foi quase cortado ao meio”, disse em comunicado Parmentier. Mas isto não os afastou de continuar a estudar estes peixes. 

O próximo passo da investigação vai tentar detectar sons durante a reprodução. Mas para isso os investigadores vão ter que ir para o habitat natural das piranhas, nos rios da América do Sul. “É difícil para os peixes reproduzirem-se num tanque, por isso tenho a certeza que será necessário colocar hidrofones no campo para obter sons que são produzidos durante a reprodução”, disse Parmentier. 

Este tipo de informação pode ser importante para a ecologia destes peixes. Existem várias dezenas de espécies de piranhas nas bacias hidrográficas da América do Sul. Apesar de serem muito mais conhecidas pelas suas capacidades carnívoras, mesmo que sejam raros os casos de pessoas realmente atacadas por este animal, é muito mais frequente é a pesca da piranha feita por muitas comunidades. 

Saber que sons são emitidos pelas espécies de peixes quando estão a reproduzir-se pode ajudar a gerir a pesca de cada espécie. “Se nós compreendermos o comportamento associado aos sons, podemos ouvir no mar os peixes e explicar aos pescadores ‘agora não é a melhor altura para pescar’”, explicou o cientista.

fonte: Público

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