quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Instituto Butantan identifica 17 novas espécies de aranha


Aranhas do género Predatoroonops, cujas 17 espécies foram descobertas pelo Instituto Butantan

Descoberta acontece dois anos depois do incêndio que destruiu parte do acervo; exemplares preservados ocorrem na Mata Atlântica.

Dois anos depois de perder cerca de 30% de seu acervo de aranhas num incêndio, o Instituto Butantan volta a ganhar destaque internacional ao anunciar 17 novas espécies. 

A descoberta, que deu origem ao género Predatoroonops, é a maior contribuição do País para o The Goblin Spider, um dos mais ambiciosos projetos mundiais já realizados para a sistematização do inseto.

As espécies da família Oonopidae foram identificadas após seis anos de análise de aranhas recolhidas na Mata Atlântica. Segundos os investigadores, chamam a atenção pela estrutura das quelíceras – espécie de gancho frontal que serve para captura de alimentos e proteção. 

“Possuem várias articulações e são totalmente diferentes das de espécies de outros géneros”, diz o biólogo Antonio Brescovit, um dos responsáveis pela descoberta.

Brescovit e Cristina Anne Rheims, a outra investigadora que catalogou as novas espécies, estavam entre os biólogos que correram para tentar salvar amostras no meio ao incêndio de 2010. 

Mesmo com as grandes perdas, eles dizem que o material foi salvo porque o fogo não atingiu a sala dos investigadores.

“Quando soubemos do incêndio, achamos que perderíamos as amostras. Vim para o Butantan na mesma hora, ainda de pijama”, relembra Rheims. Dos 160 mil lotes (pequenos frascos com, em média, 5 exemplares), estima-se que mais de 40 mil foram perdidos. 

Os investigadores ainda tentam desvendar a utilidadade das incomuns articulações presentes apenas nos machos das novas espécies. 

Uma das hipóteses é o uso na reprodução: as estruturas liberariam feromona, uma poderosa hormona da atração sexual. Além disso, podem servir para prender a fêmea durante a cópula.

“Há também a possibilidade de serem usadas como arma durante a luta entre os machos, ainda que isso seja pouco comum em aranhas. Mas temos de recolher mais exemplares para fazer uma observação correta”, afirma Antonio Brescovit.

As novas espécies, que têm no máximo 1,9 milímetros, juntam-se às 23 anteriormente identificadas pelos sete investigadores do País que participam do Inventário Planetário de Biodiversidade (PBI, na sigla em inglês) que vem sendo feito pelo The Goblin Spider desde 2006.


Predatoroonops schwarzeneggeri, aranha baptizada em homenagem a ator (Foto: American Museum of Natural History/Divulgação)

Com o objetivo de documentar todos os géneros da família Oonopidae, o projeto reúne 46 aracnólogos de 12 países e ampliou a documentação de 300 para 1016 espécies nestes seis anos. 

A família Oonopidae foi escolhida por sua biodiversidade e é normalmente encontrada no solo ou em copas de árvores nas florestas tropicais.

Apresentadas no boletim do American Museum of Natural History, as espécies foram uma atração à parte por causa da nomenclatura. 

O nome do género (Predatoroonops) foi escolhido em função das articulações nas quelíceras, que lembram a criatura que aparece como vilã no filme “Predador”, de 1987.

Com isso, as espécies foram baptizadas com referências aos personagens: Arnold Schwarzenegger, por exemplo, que interpreta o artista Dutch, foi homenageado com os nomes Predatoroonops schwarzeneggeri e Predatoroonops dutch

fonte: Estadão

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