quinta-feira, 12 de abril de 2012

Crateras de Marte podem ser local para albergar vida

Mapa das cadeias de crateras de abaixamento. (ESA)



As cercanias de Tractus Catena. (Imagem ESA) 

A sonda Mars Express da Agência Espacial Europeia (ESA) registou várias cadeias de crateras de abaixamento na base de um dos maiores vulcões do Sistema Solar. Dependendo da maneira como se terão formado, poderão ser um lugar propício para procurar vida microbiana no planeta vermelho.

As imagens, recolhidas a 22 de Junho de 2011, mostram as formações de Tractus Catena – que partem da ladeira sudeste do Monte Alba, e são formadas por largas cadeias de depressões circulares que se estendem ao longo de fracturas na superfície marciana –, no quadrilátero de Arcadia. Esta zona faz parte da extensa região de Tharsis, onde também existe um grupo de enormes vulcões, em que se destacam os três conhecidos como Montes de Tharsis. A norte está o Monte Alba ou o Alba Patera, um dos maiores vulcões do Sistema Solar, em termos de superfície e volume.

As cadeias de crateras de abaixamento poderão ter uma origem vulcânica, mas também podem ser causadas pelas forças que se manifestam na crosta marciana, o que se traduz numa série de depressões paralelas conhecidas como grabens, ou fossas tectónicas. A lava emitida por um vulcão começa a solidificar na superfície, criando um tubo no qual continua a fluir a lava fundida. Quando cessa a actividade vulcânica, o tubo fica vazio, formando-se uma cavidade subterrânea. Ao longo do tempo, partes do tecto por cima da cavidade podem colapsar, deixando depressões circulares na superfície.

Na Terra, podem ser encontradas estruturas semelhantes, por exemplo nos flancos do vulcão Kilauea, no Hawai. Na Lua, a região de Hadley Rille, visitada pela nave Apollo 15, em 1971, poderá ter sido formada através do mesmo processo, há milhares de milhões de anos.

Mas o cenário mais arrojado é o que aponta para a acção da água subterrânea. Na Terra, há exemplos claros de estruturas semelhantes nas regiões de Karst – a palavra alemã para a região entre a Eslovénia e a Itália, onde este fenómeno foi estudado pela primeira vez.

Um dos exemplos mais famosos na Terra é a rede de ‘cenotes’, na península do Yucatan, no México. Estes poços profundos formam-se quando as rochas de calcário à superfície colapsam, expondo a água por baixo.


Origem de interesse


Esta origem acaba por ser a mais interessante no contexto da pesquisa por vida microbiana em Marte. Se as crateras de abaixamento são o resultado do colapso de cavidades subterrâneas, há a possibilidade de alguns microrganismos terem sobrevivido, protegidos da agressividade do ambiente à superfície.

A exploração robótica da superfície de Marte indica que a radiação no planeta é cerca de 250 vezes mais intensa do que na Terra, duplicando os níveis a que estão expostos os astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional. Se esta cadeia de crateras está associada a um sistema de covas, no futuro poderão servir de refúgio aos astronautas que venham a explorar o Planeta Vermelho.

Independentemente do modo como se formaram, estas cadeias de crateras de abaixamento ilustram uma vez mais as múltiplas semelhanças entre os processos geológicos de Marte e da Terra, e apresentam interessantes objectivos para futuras missões de exploração. 


Sem comentários:

Enviar um comentário