sábado, 6 de agosto de 2011

O maior laboratório de física de partículas também tem lugar para a arte


Interior do CERN, em Genebra

O CERN lançou esta quinta-feira uma nova política para a cultura, que tem como objectivo acolher entre um e dois projectos artísticos por ano nas suas instalações, em Genebra. A ideia é deixar que os artistas se inspirem no mundo da ciência.

A primeira referência que ocorre ao cidadão mais atento quando ouve falar no Conselho Europeu de Investigação Nuclear (CERN) não é exactamente “arte”, mas “ciência”. Conhecido como o maior laboratório de física de partículas do mundo, o CERN é ainda o lugar onde nasceu a World Wide Web (WWW) em 1989, e onde americanos e russos trabalharam, lado a lado, durante a Guerra Fria. Ou mesmo onde se tentou recriar o Big Bang. Uma incubadora de avanços tecnológicos.

Esta quinta-feira o CERN lançou uma política cultural para aproximar a ciência da arte, o mesmo é dizer que cientistas e engenheiros vão passar a cruzar-se com artistas com maior regularidade nos corredores da sede da organização, na região noroeste de Genebra. A ideia central do programa é incentivar artistas visuais e músicos a inspirarem-se nas maravilhas do cosmos e a fundirem ciência e arte.

O projecto – ou “política cultural”, como prefere designar o site oficial do CERN - chama-se “Great Arts For Great Science” e, nas palavras da especialista cultural do centro, Ariane Koek, pretende colocar as artes num "patamar de qualidade semelhante ao da ciência”. E para propiciar esse equilíbrio, o CERN vai transformar-se numa residência artística.

Para monitorizar esta nova política, a organização criou um quadro composto por directores de espaços culturais europeus, vindos de Zurique, Genebra, Lyon e Paris. Uma das funções desta elite é monitorizar a qualidade dos trabalhos artísticos, ou seja, seleccionar um ou dois projectos por ano. Estes projectos podem depois ser financiados por fundos externos para obras inspiradas na física de partículas. A outra tarefa deste grupo consiste em criar, a partir de agora, um portefólio de trabalhos inspirados no CERN, em colaboração com o programa Collide@CERN Artists Residency Programme.

Físico de formação e apreciador de música clássica, Rolf Heuer, director-geral do CERN, explica a importância que dá a esta aliança: “A ciência e a arte estão intrinsecamente ligadas. Ambas são formas de explorar a nossa existência. (…) Juntas formam a cultura – a nossa expressão do que é ser humano no nosso universo”.

Depois de uma visita recente à sede do CERN, na fronteira entre a França e a Suíça, a fotógrafa e artista multimédia Mariko Mori, citada pela Reuters, afirmou que “descobrir a verdade da nossa existência com a ciência revolucionária, que é o desafio da CERN, é uma fonte de inspiração para artistas e criadores em todo o lado”.

O financiamento deste projecto será exterior ao centro, já que o orçamento do CERN é limitado e controlado minuciosamente pelos estados-membros.

Fundado em 1954, o CERN é composto por vinte estados-membros, incluindo Portugal.

fonte: Público

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