segunda-feira, 6 de setembro de 2010

"Vamos poder tocar, provar e cheirar o Sol"


Até 2018, NASA quer lançar engenho não tripulado rumo à atmosfera solar, onde nunca chegou uma missão espacial. Projecto pode desvendar mistérios da nossa estrela.

Vai chamar-se Solar Probe Plus, será pequena - aproximadamente do tamanho de um automóvel - e terá a missão de levar a exploração espacial humana a uma nova fronteira, em plena atmosfera do Sol. A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) assume o desafio de a lançar "no máximo até 2018".

O destino final, a 6,437 milhões de quilómetros da superfície solar, vai obrigar a Solar Probe a suportar temperaturas da ordem dos 1400 graus centígrados. Para se entender o valor em causa, basta referir que o aço derrete a partir de aproximadamente 1500 graus.

A nave - obviamente, não tripulada - será, naturalmente, suportada por energia solar. Mas os seus painéis estarão resguardados por um escudo protector especial, que permitirá apenas a passagem dos raios de luz suficientes para assegurar o seu funcionamento. Uma estrutura revestida com uma poderosa liga de carbono e fibra carbónica, desenvolvida originalmente para mísseis intercontinentais.

No seu percurso até às imediações da estrela, a sonda aproveitará a passagem por Vénus para um conjunto de impulsos de gravidade assistida - uma técnica que lhe permitirá posicionar-se poupando energia.

"Este projecto permitirá ao engenho humano levar uma nave espacial aonde nenhuma chegou até agora", resumiu Lika Guhathakurta, cientista deste programa na sede da NASA, em Washington. "Pela primeira vez, vamos poder tocar, provar e cheirar o nosso sol."

Uma missão tão ambiciosa terá, inevitavelmente, custos... astronómicos. Mas, para já, a NASA não avança estimativas globais. A única verba disponibilizada são os cerca de 140 milhões de euros que vão financiar os trabalhos "preliminares" de cinco projectos de investigação (ver caixa) que vão decorrer durante a missão.

Mas a informação que poderá ser obtida é também de uma riqueza inestimável: "As experiências seleccionadas para a Solar Probe Plus foram especificamente concebidas para responderem a duas questões-chave da física solar", contou Dick Fisher, director da divisão de Heliofísica da NASA: "Porque é a atmosfera exterior do Sol tão mais quente do que a sua superfície visível, e o que movimenta o vento solar que afecta a Terra e o nosso sistema solar."

Enigmas que só a proximidade poderá resolver: "Estamos a batalhar para resolver estas questões há décadas e esta missão deverá finalmente fornecer as respostas", disse o cientista.

Estrela central do nosso sistema solar, o Sol tem uma massa 332 900 vezes superior à da Terra. A distância para a Terra é de cerca de 150 milhões de quilómetros, valor utilizado para medida de uma unidade astronómica (UA). Porém, esta varia com a altura do ano entre o perélio e o afélio. A luz solar leva 08.18 minutos a atingir a Terra.

fonte: DN

Sem comentários:

Enviar um comentário