domingo, 5 de setembro de 2010

Primeiro computador nacional foi salvo do lixo


Aparelho resgatado está guardado no sótão da casa de um professor nos Açores. Na altura custava o equivalente a 500 mil euros.

O primeiro computador utilizado para investigação em Portugal foi salvo da lixeira por um professor universitário dos Açores. A relíquia está no sótão de sua casa em Angra do Heroísmo.

"É o modelo PDP 11, de tecnologia norte-americana, com uma disquete com 246k de memória, que foi para a Universidade de Coimbra em 1974 e que, no início dos anos 80, estando destinado à sucata, eu trouxe para Angra do Heroísmo", revela Félix Rodrigues, em declarações à Lusa.

ste professor de Física, Matemática e Ambiente do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores é um amante "de velharias", desde que tenham "significado para compreender o presente".

"No âmbito da cooperação entre as duas universidades consegui que [o computador] viesse para a universidade açoriana e ali trabalhou três ou quatro anos, mas depois, também devido à evolução tecnológica, o seu futuro era a lixeira", recorda.

Nessa altura, Félix Rodrigues tentou que "fosse colocado no Museu da Ciência da Universidade dos Açores ou no Museu de Angra do Heroísmo", mas a ideia não teve acolhimento, pelo que o computador "parou no sótão" da sua casa.

"Apesar dos protestos familiares, não o deito fora porque é um bem histórico", diz o docente, embora esteja consciente de que este "não é o local apropriado" para a relíquia.

Ao primeiro olhar, parece um camiseiro, apenas o ecrã deixa entender, ainda que vagamente, que o aparelho tem outras funções. Analisar e descrever este computador - cuja disquete tem o tamanho da roda de um automóvel - "é fazer a história da evolução da tecnologia, que deu passos de gigante ao longo de uma década, mais do que nos dez séculos anteriores", explica Félix Rodrigues.

"A maioria dos jovens que hoje lidam com um PC de secretária e uma pen drive não faz ideia nenhuma da história que está por trás dos computadores, incluindo a espionagem industrial", frisa o professor universitário.

Félix Rodrigues recordou, a este propósito, notícias que "davam conta de que a ex-União Soviética se apropriara dos esquemas do computador e começara a fabricar clones".

"Este modelo, o mais avançado da alta tecnologia norte-americana da época, eficaz em controlo de redes e investigação científica, custava a módica quantia de 650 mil dólares, qualquer coisa como 512 mil euros actualmente", salientou Félix Rodrigues.

A disquete usada no computador podia armazenar uma tese universitária com mil páginas, mas com poucos gráficos e fotografias. No entanto, não tinha capacidade para gravar uma fotografia de alta definição.

fonte: DN

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