sábado, 4 de setembro de 2010

Líderes religiosos criticam afirmações de Hawking


O arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, e outros líderes religiosos britânicos criticaram o astrofísico Stephen Hawking por dizer, num livro que está no prelo, que Deus não terá sido o criador do Universo.

Acreditar em Deus não consiste em "explicar como umas coisas se relacionam com as outras no Universo, mas sim com a crença de que existe um agente inteligente e vivo de cuja actividade depende, em última instância, tudo o que existe", declarou o líder anglicano ao diário The Times.

"A física, por si só, não resolverá a questão de porque existe algo em lugar de nada", acrescentou Williams.

Por seu lado, o rabino Jonathan Sacks assinala, num artigo publicado hoje no mesmo diário, que "a ciência trata de explicar e a religião de interpretar" e que "à Bíblia não interessa como se criou o Universo".

"A ciência desarticula as coisas para ver como funcionam. A religião junta-as para ver o que significam. São dois trabalhos distintos. Até ocupam diferentes hemisférios do cérebro", sublinhou Sacks.

O arcebispo de Westminster e bispo primaz da Igreja Católica de Inglaterra e Gales, Vincent Nichols, disse subscrever totalmente as palavras do rabino chefe sobre a relação entre religião e ciência.

Também o presidente do Conselho Islâmico do Reino Unido, Ibrahim Mogra, atacou as teses de Stephen Hawking e disse: "Se olharmos o Universo, tudo aponta para a existência de um criador que lhe deu origem."

Da mesma forma que o darwinismo tinha, no passado, rejeitado a necessidade de um criador no campo da biologia, também o conhecido astrofísico britânico argumenta agora que as mais recentes teorias científicas rejeitam o papel de um criador do Universo.

Stephen Hawking afirma que o Big Bang -- a grande explosão que originou o mundo -- terá sido uma consequência inevitável das leis da física, o que contradiz a teoria que o cientista tinha defendido no passado, no livro "Uma Breve História do Tempo", publicado em 1998.

Nessa obra, Hawking sugeria que não existia qualquer incompatibilidade entre a existência de um Deus criador e a compreensão científica do Universo, chegando mesmo a afirmar que, se a comunidade científica chegasse a descobrir a teoria completa, tal "seria o triunfo definitivo da razão humana", já que, nesse altura, "seria possível conhecer a mente de Deus".

No novo livro, intitulado "The Grand Design" e que estará à venda a partir de 09 de Setembro, precisamente uma semana antes da visita do papa Bento XVI ao Reino Unido, o astrofísico sustenta que a ciência moderna não deixa lugar à existência de um Deus criador do Universo.

O cientista sustenta o seu argumento no facto de ter sido observado, em 1992, um planeta que girava em torno de uma estrela distinta do Sol, o que comprova a possibilidade de existirem outros planetas e universos.

Ora, se a intenção de Deus era criar o Homem, os restantes universos seriam redundantes - assinala Hawking.

O conhecido biólogo ateu Richard Dawkins felicitou já o astrofísico britânico pelas conclusões, dizendo que a opinião de Hawking é partilhada por uma grande parte da comunidade científica.

fonte: DN

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