O biólogo Guido Parra espera que o nome da espécie do novo golfinho esteja "relacionado com a Austrália" GUIDO PARRA
Cetáceo vive nas águas costeiras do Norte da Austrália. Identificação de um novo mamífero é algo raro, diz Sociedade para a Conservação da Vida Selvagem.
Os cientistas ficaram “surpreendidos e encantados” depois de identificarem uma nova espécie de golfinho-corcunda nas águas costeiras do Norte da Austrália. O mapeamento genético e o estudo da morfologia deste mamífero mostram que a espécie era desconhecida para a ciência.
Uma equipa internacional liderada pela Sociedade para a Conservação da Vida Selvagem, com sede nos Estados Unidos, fez esta descoberta depois de examinar 200 golfinhos mortos e analisar amostras de tecido de indivíduos vivos que povoam os oceanos Atlântico, Índico e Pacífico.
O estudo do comprimento do bico e do número de dentes de 180 crânios de indivíduos que estavam nos museus ou que foram encontrados em praias, e a análise de amostras de ADN de 235 golfinhos vivos, serviram para identificar uma nova espécie de golfinho-corcunda, que pertence ao género Sousa, e nada nas águas que banham a costa do Norte da Austrália.
“Com base numa análise genética e morfológica, há uma prova convincente de que existem, pelo menos, quatro espécies dentro deste género”, explica Martin Mendez, um dos autores deste estudo, publicado na última edição da revista Molecular Ecology. O que inclui “uma espécie nova, ainda sem nome, junto da costa Norte australiana”, acrescenta.
Debate antigo
Havia um debate antigo sobre se estes indivíduos pertenciam a uma espécie distinta, mas ainda não havia provas suficientes, adianta o biólogo Guido Parra, da Universidade Flinders da Austrália, e membro desta equipa. “Os debates que existiam baseavam-se em informação que era sempre limitada – ou eram, simplesmente, dados genéticos ou eram dados baseados em estudos taxonómicos tradicionais”, explicou o biólogo à agência noticiosa AFP.
“Agora, fomos capazes de juntar estes dois métodos – a avaliação morfológica e a análise genética – e olhar para todas as espécies do género. Estamos surpreendidos e encantados por descobrir uma espécie completamente nova”, acrescenta o biólogo.
As espécies de golfinhos-corcunda vivem numa grande extensão dos oceanos da Terra, desde o Norte da Austrália até à África, e são nativos de 40 países na África, Ásia e no Pacífico.
A Sociedade para a Conservação da Vida Selvagem declarou que esta era uma descoberta importante. A identificação de uma nova espécie de mamífero é um acontecimento raro, e a organização espera que a novidade reforce os esforços de conservação destes animais.
Espécies em perigo
Duas das três espécies identificadas do género Sousa estão em declínio devido à sua pesca e à perda de habitat. A espécie Sousa chinensis, o golfinho-corcunda-indopacífico, que vive no oceano a leste da Índia e na região Oeste do Pacífico, é considerada quase ameaçada na Lista Vermelha das Espécies criada e actualizada pela União Internacional para a Conservação da Natureza. Já oSousa teuszii, o golfinho-corcunda-do-atlântico, que vive no Atlântico, é considerado vulnerável e está mais perto da extinção.
É necessário agora escrever um manuscrito com estas informações e enviar para a Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica, a organização oficial que avalia a descoberta e a nomeação de novas espécies, e dá depois o aval.
Os nomes propostos para esta nova espécie não podem ser revelados, explica Guido Parra. Mas o biólogo espera que o nome final esteja “relacionado com a Austrália”.
O epíteto corcunda, dado a estes golfinhos, deve-se a uma bossa que têm nas costas e está colada à barbatana dorsal, que é mais longa do que o normal. Quando nascem, estes cetáceos têm uma pele cor de pérola. À medida que crescem, a cor escurece até se tornar cinzento-escura. Estes animais atingem um comprimento de 2,4 metros. Vivem em águas costeiras, e nos deltas e estuários dos rios.
fonte: Público
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