quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Múmias são pequena parte do imaginário egípcio da morte

Múmias são pequena parte do imaginário egípcio da morte

Múmia da "Grande Esposa Real" Nefertiti 

O historiador Rogério Sousa afirma que "as múmias falam muito pouco acerca do imaginário egípcio da morte", que "constitui, provavelmente, uma das culturas mais distintas da nossa", celebrando-a com festividades. 

Rogério Sousa faz estas afirmações no livro "Em busca da imortalidade no Antigo Egito. Viagem à Origens da Civilização", uma obra que resulta da investigação feita aos sarcófagos egípcios conservados na Sociedade de Geografia de Lisboa, uma doação do Egito, em 1893, a Portugal, entre eles um ataúde antropomórfico da dama Chedusutauepet, da XXI dinastia (1077 a 1051 antes de Cristo).

O livro, editado pela Ésquilo, pretende "estabelecer um quadro geral compreensivo sobre as representações da morte" em que o autor afirma ter procurado "facilitar o envolvimento do leitor não especializado nas matérias abordadas".

O egiptólogo reconhece que "o estudo das crenças e práticas funerárias egípcias remete-nos para contextos tão diversificados e distintos entre si que, por vezes, se torna difícil, tanto para o público como para o próprio especialista".

Rogério Sousa afirma que "apesar da beleza e profundidade, a visão egípcia da morte permanece um território difuso e mal conhecido".

Afirma o autor que "uma complicada engrenagem de práticas e rituais foi mantida durante milénios [mais de 3.000 anos]" de modo a "superar essa angústia face ao desconhecido [...] que hoje experimentamos".

"A vida e morte eram desde cedo interiorizadas [pelos antigos egípcios] e constituíam um aspeto largamente estruturador da vida terrena", mas "o imaginário da morte não estava necessariamente povoado de referências soturnas e sombrias".

As festas em honra dos mortos eram celebradas com comida, bebida, "servida em abundância", e "a música tocava para deleite dos convivas", acompanhando "coreografias acrobáticas de dançarinas seminuas".

Para o autor, "o objetivo essencial deste livro é o de proporcionar uma leitura holística que unifique entre si os aspetos através dos quais a ideia da morte se desdobrava no antigo Egito".

Rogério Sousa é professor do Instituto Superior de Ciências de Saúde - Norte, doutorado em História Antiga, em 2006, pela Universidade do Porto.

Tem colaborado com vários jornais e revistas especializadas, nomeadamente, a revista Cadmo e o Journal of American Research Centre in Egypt.


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