sexta-feira, 15 de junho de 2012

Pode ser ético procriar com o ADN de três pessoas

Existem técnicas para criar embriões humanos com mitocôndirias saudáveis

Existem técnicas para criar embriões humanos com mitocôndirias saudáveis 

Um controversa técnica de procriação medicamente assistida foi esta terça-feira considerada eticamente aceitável para prevenir as graves e incapacitantes doenças derivadas de defeitos no ADN das mitocôndrias, as “baterias” das células vivas, num parecer emitido pelo Conselho de Bioética Nuffield, órgão independente muito influente no Reino Unido.

O nosso património genético encontra-se quase na íntegra no núcleo celular, mas as mitocôndrias também possuem um bocadinho de ADN. E as mutações neste punhado de genes podem acarretar cegueira, surdez, disfunção cardíaca, doença hepática e renal, demência e morte prematura. Uma criança em cada 6.500 poderá vir a desenvolver uma forma grave de doença mitocondrial.

As mitocôndrias são herdadas apenas da mãe e existem várias técnicas experimentais que permitem substituir as mitocôndrias defeituosas pelas mitocôndrias saudáveis de outra mulher (por exemplo, retirando o núcleo ao ovócito doado e introduzindo o núcleo da futura mãe antes da fertilização). Três pessoas contribuem assim para os genes do futuro bebé: os pais biológicos, dos quais ele herdará 99,9% do seu ADN, e a doadora do ovócito, cujo ADN mitocondrial (e não nuclear) representa 0,1% do genoma — e cuja designação como “segunda mãe” o parecer agora emitido considera aliás “legalmente e biologicamente” inadequada. O parecer recomenda em particular que, quando se tornarem adultas, as crianças nascidas deste tipo de técnicas não tenham acesso à identidade das doadoras de mitocôndrias.

“Se as investigações ulteriores mostrarem que as técnicas são suficientemente seguras e eficazes”, disse Geoff Watts, presidente do conselho, “achamos que seria ético que as famílias que o desejem as usem, desde que recebam informação e apoio adequados”. Contudo, há quem conteste a utilização deste tipo de manipulação genética, uma vez que é transmissível à descendência. A Autoridade de Fertilização e Embriologia Humanas, a entidade britânica reguladora da investigação e da aplicação das técnicas de procriação artificial, anunciou entretanto que irá lançar uma consulta pública, já em Setembro, para sondar a opinião dos cidadãos.

fonte: Público

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