Em 2004, o trânsito foi registado por observadores da "European Space Agency", em Portugal
Cientistas e amadores da astronomia por todo o mundo preparam-se para observar o planeta Vénus a passar em frente ao Sol, terça e quarta-feira. O acontecimento é raro e só voltará a acontecer em 2117.
A passagem do planeta Vénus em frente do Sol, fenómeno conhecido como "trânsito de Vénus", só ocorre quando o planeta passa diretamente entre o Sol e a Terra. Uma vez que a órbita de Vénus não está alinhada com a da Terra, estes acontecimentos dão-se muito raramente.
Desde que há registo - século XVII, quando foram inventados os primeiros telescópios - Vénus deslocou-se pela frente do Sol em seis ocasiões (1639, 1761, 1769, 1874, 1882 e 2004).
Em 2004, o trânsito ocorreu a oito de junho e foi registado por observadores da "European Space Agency" ESA, em Portugal. Desta vez, Portugal encontra-se na zona onde o trânsito não é visível.
Nos trânsitos dos séculos XVIII e XIX, os cientistas realizaram centenas de estudos e medições com o objetivo de resolver uma das maiores incertezas da astronomia da época: a dimensão do Sistema Solar.
Atualmente, os astrónomos usam as transições para procurar planetas fora do Sistema Solar.
"Esperamos que o trânsito de Vénus proporcione uma visualização de exoplanetas", explicou o astrónomo Jay Pasachoff, da Williams College (EUA), num artigo publicado na revista Nature.
Quando um planeta passa em frente a uma estrela, bloqueia temporariamente uma pequena porção da sua luz. Este "mergulho da luz" pode ser detetado por telescópios sensíveis como o COROT Europeu ou o Kepler da NASA.
Essa deteção dá origem a uma "curva de luz" que revela a presença de planetas em torno da dita estrela.
"Os cientistas enviam sondas espaciais para outros planetas para um apuramento mais detalhado, mas a observação desses fenómenos a partir do nosso planeta proporciona-nos uma informação única e dá-nos a oportunidade de melhorar os nossos métodos de busca por exoplanetas", completa.
A equipa de Pasachoff concentrar-se-á no estudo da atmosfera de Vénus. A atmosfera será visível graças aos raios que a atravessarão durante o percurso pela frente do Sol.
Os dados recolhidos serão comparados com os obtidos na observação das atmosferas de exoplanetas.
Os cientistas reconhecem que é cedo para saber de que forma este estudo poderá ajudará na observação dos exoplanetas distantes, mas Pasachoff destacou que estes deslocamentos são raros e não devem ser desperdiçados.
"Devemos isso aos futuros astrónomos, especialmente àqueles que observarão o fenómeno em 2117", disse Pasachoff.
fonte: JN
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