segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Imprensa monárquica foi sempre perseguida


O processo de impedir a saída de um jornal incómodo chamava-se na altura "empastelamento do tipo" e foi extensamente utilizado na I República, sobretudo contra a imprensa monárquica, mas também contra jornais republicanos incómodos para a facção que estivesse no poder.

O boicote era geralmente feito nas tipografias, mas ao longo de toda a República houve acções de vandalismo. O empastelamento republicano começou logo no dia 5 de Outubro de 1910, quando vários jornais não saíram à rua, mas a situação agravou-se para os monárquicos nos dias seguintes. O Liberal, por exemplo, foi assaltado a 10 e atacado de novo após a sua publicação, em Janeiro do ano seguinte. O Correio da Manhã (numa versão anterior à actual) foi também atacado em Janeiro de 1911 e o Diário Ilustrado assaltado a 30 de Maio desse ano. Os ataques mais importantes ocorreram a 21 de Outubro de 1913, após os monárquicos tentarem um movimento subversivo em Lisboa. Grupos numerosos de civis, segundo escrevia o DN na sua edição de 22 de Outubro, "dirigiram-se aos escritórios do jornal O Dia ao Chiado, onde ainda ninguém se encontrava e, arrombando a porta de entrada, invadiram as salas da administração e redacção, partindo o mobiliário e atirando-o pelas janelas para a rua, onde se completava a destruição, no meio de enorme gritaria". Os manifestantes atacaram depois A Nação, que também desfizeram, e ainda tentaram assaltar O Intransigente, mas a polícia conseguiu evitar o pior.


Sem comentários:

Enviar um comentário