terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Eclipse solar a 20 de março vai pôr à prova redes elétricas europeias



Estação fotovoltaica de Moura

Crescente dependência de energia gerada a partir do Sol cria este ano uma situação inédita: como reagirão as redes de distribuição elétrica às variações de potência provocadas por um eclipse?

O dia 20 de março será invulgar para a Europa. Por um lado, grande parte do continente irá observar um raro eclipse solar. Por outro, pela primeira vez, este fenómeno astronómico poderá ter consequências na rede elétrica europeia.

Em causa, noticia hoje o Financial Times (FT), está o facto de muitos países europeus terem cada vez mais da sua eletricidade gerada a partir do Sol - ao todo, 10,5% da energia elétrica da Europa provém hoje de centrais fotovoltaicas (contra 0,1% em 1999).

O estado mais afetado pelo eclipse será mesmo a Alemanha.Segundo a European Network of Transmission System Operators for Electricity (ENTSO-E), este país terá em março capacidade de gerar 39.734 megawatts a partir de centrais fotovoltaicas. Como se lê no site da referida associação das empresas europeias de distribuição de eletricidade, 35 mil megawatts é o equivalente à energia criada por mais de "80 geradores médios convencionais".

Já Portugal apenas tem capacidade para gerar 322 megawatts de energia a partir do Sol, segundo um documento da ENTSO-E, pelo que estará menos vulnerável ao problema.

Certo é que as redes de distribuição europeias enfrentarão no dia 20 um verdadeiro "teste de stresse": vão sofrer durante o dia - quando todos os escritórios e fábricas estão a trabalhar - um corte de potência no início do eclipse, seguido do retorno da carga consoante a Lua se desloca, destapando o Sol.

"Durante 30 minutos, o sistema terá de se adaptar as a uma variação de carga de -10 gigawatts para +15 gigawatts", disse ao FT Patrick Graichen, o diretor executivo da Agora Energienwende, um 'think tank' sobre energias renováveis sediado em Berlim.

O eclipse será visível por toda a Europa ocidental, sendo a Dinamarca o país que terá o Sol mais obscurecido (até 80%). Em Portugal, Coimbra é o local onde o fenómeno será mais percetível, iniciando-se às 08:02 e terminando às 10:12. Visto da cidade dos estudantes, 70% do Sol ficará coberto pela Lua.

A ENTSEO-E afirma que os seus associados preparam-se já há vários meses para este acontecimento. Tudo correndo como previsto, os consumidores não darão por qualquer diferença no seu abastecimento - a eletricidade que deixa de ser gerada durante o eclipse é compensada por energia proveniente de fontes "convencionais", como os geradores de queima de carvão, de gás, ou barragens.

No entanto, este será um bom teste para o futuro, que se pretende cada vez mais dependente de fontes renováveis como a luz solar.


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