quinta-feira, 18 de julho de 2013

Trabalhos arqueológicos em Alijó incluem recuperação de lagar de vinho romano


Quinze voluntários, entre arqueólogos e alunos, vão investigar a evolução da ocupação humana em Pegarinhos, concelho de Alijó, entre a proto-história e a época romana, num projeto que inclui a reconstrução de um lagar de vinho romano.

O projeto de investigação sobre a «Ocupação Humana em torno da Aldeia de Pegarinhos» arrancou no verão de 2012 e deverá prolongar-se, pelo menos, até 2015.

Os trabalhos de campo vão ser dirigidos por Pedro Pereira e Tony Silvino, arqueólogos do Centro Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e do UMR 5138 do Centro Nacional de Pesquisa Científica (França).

Pedro Pereira disse hoje à agência Lusa que, neste verão, as escavações decorrem entre 04 e 30 de agosto.

A trabalhar junto ao castro de Vale de Mir estarão 15 voluntários, entre arqueólogos e alunos de Lisboa, Porto, Coimbra e Madrid (Espanha).

Durante a primeira campanha foram abertas nove sondagens, que revelaram estruturas e vestígios de ocupação humana que datam de há cerca de 2500 a 1500 anos, comprovando a existência de um aglomerado populacional na zona durante a romanização.

Este ano serão abertas mais sondagens na área, alargando a área de estudo e aproximando-a ao castro.

«Ao mesmo tempo que estamos a escavar para compreender como se estrutura este tipo de povoamento, como evolui, também estamos a dar formação a alunos», salientou Pedro Pereira.

Pedro Pereira referiu que em todo o vale do Douro existem vários lagares de vinho romanos escavados na rocha.

Devido à importância da produção de vinho neste território, o projeto em Pegarinhos comtempla a preparação de uma estrutura de lagar romano, na qual o arqueólogo espera que possa ser produzido vinho já em 2014.

«Arrancamos este ano com a desmatação de um dos três lagares escavados na rocha conhecidos nesta localidade, com o estudo técnico a nível de capacidade e de dimensões e a construção a estrutura em madeira para a prensagem», explicou.

O responsável acredita que estas estruturas podem aproveitadas turisticamente para mostrar como se faziam as lagaradas no tempo dos romanos.

A produção de vinho no tempo dos romanos, primeiro no vale do Douro e depois na Lusitânia, é precisamente o tema dos trabalhos de mestrado e de doutoramento de Pedro Pereira.

O arqueólogo afirmou ainda que o projeto de investigação em Alijó só é possível devido ao mecenato da empresa de vinhos Gran Cruz, que ajuda a pagar a alimentação e o combustível, da Câmara local e Junta de Pegarinhos que disponibilizaram uma casa e a antiga escolha primária para o alojamento dos voluntários.

Depois, contabilizou ainda a ajuda do Regimento de Infantaria nº13, de Vila Real, que cedeu os beliches, e o empréstimo de material de escavação por parte da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Freixo de Numão.

Toda a mão de obra é voluntária. «Infelizmente em Portugal muitos dos estudos em arqueologia acabam por ter de ser feitos assim, um pouco à margem do nosso trabalho normal», frisou.


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