domingo, 14 de outubro de 2012

Tecnologia faz descoberta de geoglifos na Amazónia saltar 1000% em 11 anos


Último geoglifo encontrado no Acre, sítio Tequinho em Senador Guimard. Foto: Diego Gurgel/Divulgação

Em junho deste ano, investigadores identificaram 18 novas formas geométricas no Amazonas, antes escondidas pela floresta. 

Descobertos no Acre, os geoglifos ganharam repercussão nacional e internacional em 1977. Em entrevista ao portalamazonia.com, a atual responsável pelos estudos, investigadora Joanna Troufflard, conta que a identificação de novas formas geométricas na Amazónia se intensificou a partir de 2005, por meio de imagens de satélite. 

Até 2001, eram conhecidos apenas 24. O número saltou para 120 em 2005, e hoje são cerca de 300 somente no Acre. 

As primeiras descobertas ocorreram na Fazenda Palmares, margem da BR-317 por investigadores do Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas na Bacia Amazônica (Pronapaba).

Os trabalhos ocorreram sob o comando do professor Ondemar Dias, do Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB).

O nome geoglifo – desenho na terra - veio com o investigador acreano Alceu Ranzi, que se interessou em tomar a frente destas pesquisas, a partir de 1986, para avaliar a importância e descobrir porque elas existem em solo acreano.

Segundo Joana, os últimos 18 geoglifos encontrados na região foram catalogados no Sul do Amazonas, em junho deste ano.

“Já no Estado do Acre, a última escavação arqueológica num geoglifo foi realizada no sítio Tequinho, no município de Senador Guiomard. A ação aconteceu no mês de julho de 2012 por meio do Projeto Musealização do geoglifo Tequinho”, conta a especialista.


Sítios encontrados na Fazenda Paraná em Senador Guiomard e Fazenda Boa Vista em Porto Acre. Fotos: Diego Gurgel/Divulgação

Joana ressalta que há uma estreita relação entre a descoberta de geoglifos e o desmatamento intensivo no Estado.

Isso porque a maior quantidade de estruturas encontradas estão localizadas em áreas desmatadas. “É possível que muitos geoglifos ainda estejam escondidos debaixo da cobertura vegetal.

Até agora, foi identificada uma maior quantidade de geoglifos na porção Leste do Estado”, ressaltou.

Desde 2005, vários projetos são executados com uma equipe multidisciplinar, que inclui arqueólogos de Belém, no Pará, e da Finlândia.

“Há a participação de estudantes e profissionais do Acre também. Nos últimos anos especialistas em paleobotânica e solos dos EUA e Reino Unido também se juntaram ao grupo”, disse. Os trabalhos incluem a utilização do Google Earth, que permite efetuar varreduras sistemáticas nas imagens de satélite, e sobrevoos das estruturas.

Estudos

De acordo com Joanna Troufflard, os geoglifos são estruturas monumentais com diferentes formatos geométricos.

“Essas figuras foram feitas por meio de escavações de valetas e construção de muretas pelos antigos índios há cerca de 2000 anos atrás”, informou. Ela acrescenta ainda que os geoglifos fazem parte da história da região e, por meio do seu estudo, é possível obter informações sobre as antigas populações indígenas que aqui viveram.

Em escavações nas estruturas são recolhidos vestígios de materiais que ajudam a entender o modo de vida das populações que ocuparam esses sítios arqueológicos. “Este património singular também poderá trazer benefícios económicos para o Estado, estimulando o turismo. Em termos culturais, essas descobertas contribuem para realçar e valorizar o passado indígena da região”, acrescentou.

Para que os estudos sejam realizados existe o patrocínio do Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Academia da Finlândia e da National Geographic.

As pesquisas são coordenadas pela Dra. Denise Schaan, que possui parceria com o Departamento de Património Histórico e Cultural da Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour no Estado.


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