terça-feira, 16 de outubro de 2012

Polónia exalta "hackers" que descodificaram máquinas nazis

Polónia exalta "hackers" que descodificaram máquinas nazis

Imagem de um máquina Enigma

Três matemáticos polacos foram os primeiros a tentar decifrar uma máquina Enigma, usada pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial. A História ainda não lhes reconheceu o feito, pelo que a Polónia está a preparar-lhes uma homenagem.

Nos finais de 1927, uma encomenda volumosa chegou aos Correios de Varsóvia, na Polónia vinda da Alemanha. As autoridades alemãs pediram a devolução daquele pacote com insistência, alegando ter sido expedido por engano.

A insistência deixou intrigados uns agentes do serviço secreto polaco, que, numa tarde de sábado, decidiram abrir a caixa. Lá dentro descobriram uma máquina Enigma, que desmontaram, peça à peça, para a estudarem, antes de voltarem a montá-la. Na segunda-feira seguinte, enviaram-na para os alemães.

Durante quase duas décadas uma equipa de matemáticos polacos trabalhou para decifrar o código cifrado das máquinas Enigma, aperfeiçoado por diversas vezes.

A investigação dos matemáticos polacos ficou ofuscada pela história e, até hoje, muita gente atribui a autoria da descoberta do código unicamente aos ingleses. Foi para "restaurar a justiça" que o Parlamento polaco lançou uma campanha para o reconhecimento do esforço de Marian Rejewski, Jerzy Rozycki e Henryk Zygalski.

O edifício do Senado de Varsóvia inaugurará, em breve, uma exposição sobre as Enigma e aprovará, no mesmo dia, uma resolução de exaltação dos três "hackers" polacos.

As Enigma, que se assemelhavam a pequenas máquinas de escrever, guardavam no interior um complexo sistema eletromecânico, que os alemães acreditavam ser indecifrável e que servia para converter instruções e planos de guerra em ladainhas incompreensíveis sem outra máquina Enigma.

As 10545 combinações possíveis foram reduzidas graças à persistência dos "hackers" polacos e a vários golpes de sorte.

Numa casa de campo inglesa, em Bletchley Park, a equipa britânica de criptógrafos, chefiada por Alan Turig, trabalhava em contra relógio a partir dos dados fornecidos pelos polacos para decifrar a linguagem das máquinas, o que equivaleria a saber tudo o que se passava nos quartéis alemães.

Várias missões tiveram como único objetivo roubar uma Enigma ou um livro de chaves. A informação obtida passava a engrossar a informação Ultra -, sistema inglês de descodificação da linguagem alemã cifrada -, guardada numa caixa forte à qual só Churchill tinha acesso.

"Graças à Ultra conseguimos ganhar a guerra", disse Churchil. Os historiadores são unânimes a considerar que a Segunda Guerra Mundial durou menos por causa da linguagem Ultra.

Durante a Guerra Fria, os governos britânico e norte-americano venderam Enigmas a outros países, ocultando o facto de as máquinas terem sido pirateadas.

Apesar da contribuição, nenhum soldado polaco foi convidado a participar no desfile do dia da Vitória, em 1945. E em 2001, o filme "Enigma", protagonizado por Kate Winslett, apenas contou um personagem polaco, que é um traidor.


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