segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Baumgartner garantiu um recorde estratosférico


Baumgartner celebra o feito ao lado do director do projecto, Art Thompson (Foto: Joerg Mitter/Red Bull/Reuters)


O momento em que Felix Baumgartner inicia o salto Imagem: Reuters/Red Bull

Baumgartner celebra o feito ao lado do director do projecto, Art Thompson

O austríaco durante o mergulho Foto: AFP/Red Bull/Jay Nemeth

Baumgartner celebra o feito ao lado do director do projecto, Art Thompson

Baumgartner bateu a velocidade do som Foto: AFP/Red Bull/Balazs Gardi

Baumgartner celebra o feito ao lado do director do projecto, Art Thompson

Felix Baumgartner tem 43 anos Foto: AFP/Red Bull/Pedrag Vuckovic

Baumgartner celebra o feito ao lado do director do projecto, Art Thompson

Milhões de pessoas viram o salto na televisão Foto: AFP/Red Bull/Balazs Gardi

O mergulho na estratosfera protagonizado no domingo pelo saltador Felix Baumgartner atingiu o objectivo. O destemido austríaco, de 43 anos, bateu a velocidade do som. Mais de oito milhões de pessoas viram-no pelo Youtube, onde a proeza foi transmitida em directo na página do patrocinador do projecto.


Muitos mais milhões de pessoas viram o salto na televisão. "Foi mais difícil do que esperava", declarou Baumgartner, depois de chegar ileso à Terra. "Acreditem em mim: quando se está lá em cima, no topo do mundo, tornamo-nos muito humildes. O objectivo deixa de ser bater recordes, ou recolher dados científicos. Tudo se centra em regressar a casa", acrescentou, na primeira entrevista, a uma televisão austríaca. "Sei que o mundo me está a ver. Desejo que todos pudessem ver o que eu vi. Às vezes temos de chegar muito alto para ver como somos pequenos."

Depois de cinco anos a preparar o feito estratosférico conseguido no domingo, Baumgartner atingiu durante o salto a velocidade máxima de 1341,9 km/h, ou seja 1,24 vezes a velocidade do som. Torna-se assim o primeiro homem a bater a velocidade do som sem propulsão. Além disso assegurou mais três recordes. 

O enorme balão de hélio que transportou a cápsula de Baumgartner atingiu os 39.068 metros de altitude e fez do austríaco o homem que mais alto voou à boleia de um balão. Esse foi o primeiro recorde que bateu, duas horas e meia após o lançamento da cápsula. O segundo e o terceiro decorriam do primeiro: o mais alto e mais rápido mergulho em queda livre de sempre.

Momentos difíceis

O balão de hélio com a cápsula subiu três quilómetros mais do que estava inicialmente previsto. Quando chegou o momento, Baumgartner saiu do lugar, abriu a escotilha, ficou uns momentos a olhar para o vazio, com a terra lá longe ao fundo, fez uma última saudação e deixou-se ir. 

Houve momentos mais complicados, sobretudo no início da queda livre. Dado o ar rarefeito da estratosfera, o corpo de Baumgartner não parou de rodopiar de forma descontrolada. Nessa altura corria o risco de atingir tal velocidade de rotação que afastasse o sangue do centro do corpo "A partir de um determinado nível de rotações por minuto, só há uma via para o sangue sair do corpo, e isso é pelos olhos. Isso significa a morte, era um dos nossos receios", explicou Baumgartner, que reassumiu controlo quando a atmosfera se tornou mais densa.

A descida demorou aproximadamente 15 minutos, dos quais 4m20s em queda livre, sobre o deserto do Novo México, nos EUA. O voo em queda livre foi a parte mais delicada para a sobrevivência do aventureiro, dado o risco de danificar os olhos, o cérebro e o sistema cardiovascular. "Tive sempre consciência do que estava a acontecer", disse o saltador, que pratica o sky dive desde os 16 anos. Porém, viajar a uma velocidade tão elevada é complicado: "É difícil de descrever porque não sentes isso", disse Baumgartner à AP. Sem pontos de referência, "não sabes a que velocidade vais", acrescenta a mesma agência.

Recorde pulverizado

Um dos recordes batidos por aquele a quem chamam "Felix Destemido" (Fearless Felix) vinha de 1960 e pertencia a Joe Kittinger, que então saltou de uma altura de um 31.333 metros. O antigo militar norte-americano, hoje com 83 anos, integrava a equipa de Felix Baumgartner e viu o austríaco ultrapassar em cerca de sete mil metros a sua marca. "Ele demonstrou que o Homem pode sobreviver numa situação de fuga a uma altitude muito elevada. Os futuros astronautas usarão o fato que Felix testou hoje", declarou Kittinger.

O salto tinha sido abortado por três vezes ao longo da última semana, por falta de condições meteorológicas. O projecto Red Bull Stratos foi financiado pela marca de bebida energética com o mesmo nome e, além de uma tentativa de bater recordes, tinha como objectivo servir de programa de testes de voo e de contribuir para a investigação em fatos especiais.

Baumgartner usou um fato pressurizado, que permitiu o salto estratosférico sem que a sua pele entrasse em ebulição. Desenvolvido para suportar temperaturas entre os 68ºC negativos e os 38ºC positivos, o fato serviu para proteger o saltador das baixas pressões e do frio extremo – àquela altura, as temperaturas podem descer até aos 57ºC negativos.A proeza de Baumgartner foi acompanhada no solo por uma vasta equipa com quase 300 pessoas no solo, incluindo mais de 70 engenheiros, cientistas e físicos. O centro de comando esteve instalado em Roswell. Tanto o fato como a cápsula que levou Baumgartner até aos 39 quilómetros de altitude (a fronteira oficial do espaço situa-se nos 100 km de altitude) foram feitos propositadamente para a ocasião.

Depois de tocar o solo, Baumgartner ajoelhou-se e saboreou o momento. A família e a mulher, que acompanharam tudo de perto, respiraram de alívio.

fonte: Público

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