domingo, 30 de setembro de 2012

Lula Vampira do Inferno não mata nenhum animal e sobrevive da “neve marinha”, diz pesquisa






Apesar de ter sido descoberta há mais de 100 anos, a Lula Vampira do Inferno é um dos animais mais misteriosos das profundezas oceânicas.

No entanto, investigadores fizeram uma descoberta incrível – apesar de ser chamada por um nome nada “bonzinho” e possuir nome científico Vampyroteuthis infernalis, essa lula não mata nenhuma presa.

Em vez disso, ela usa dois filamentos finos para capturar apenas pedaços de detritos orgânicos que afundam abaixo da superfície do oceano.

O novo estudo, liderado por Henk-Jan Hovig, cientista sénior da MBARI, mostrou pela primeira vez que a Lula Vampira do Inferno, ao contrário de seus parentes polvos e lulas, não come presas vivas.

Esse animal possui corpo em tom vermelho escuro, enormes olhos azulados e uma espécie de capa que estende por todos os seus oito tentáculos. Quando perturbada, ela consegue virar-se ao avesso, adquirindo uma forma realmente estranha.

Ela é considerada um “fóssil vivo”, habitando águas profundas de quase todas as bacias oceânicas ao redor do mundo em profundidades com uma taxa de mínima, quase zero.

Várias já foram capturadas para pesquisa. Os cientistas examinavam o conteúdo de seu estômago para determinar seus hábitos alimentares. No entanto, os resultados sempre foram inconclusivos.

O recente artigo publicado na revista Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences mostrou que essa espécie alimenta-se basicamente da chamada “neve marinha”, uma mistura de corpos de animais em decomposição, detritos, fezes e resíduos biológicos em geral que são formados próximos à superfície e afundam numa velocidade mínima, podendo demorar meses para chegar ao fundo.

Um dos métodos usados para desvendar o mistério exigiu a captura de exemplares vivos para mantê-los em laboratório nas mesmas condições naturais de onde foram recolhidos. Só assim foi possível identificar a presença de um filamento que o animal expõe para capturar as pequenas partículas alimentares.

O filamento é dotado de muco que faz com que os resquícios biológicos fiquem presos. Após isso, a Lula Vampira do Inferno leva o filamento até a boca, limpando-o e retirando as partículas da “neve marinha”.

Os investigadores também registaram momentos em que o animal espera a “neve marinha” cair em seus tentáculos para então passar o filamento por todo o seu corpo.

Por esse comportamento adaptativo, a Lula Vampira do Inferno consegue sobreviver em ambientes com mínimas ofertas de oxigénio e em locais hostis onde os predadores são pouquíssimos e o alimento é abundante.


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