quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Investigadores da USP descobrem nove espécies de briozoários


Bugula migottoi


Bugula bowiei


Bugula biota


Bugula foliolata


Bugula ingens, nova espécie de briozoário da costa brasileira

Os animais são invertebrados e majoritariamente marinhos.

Um estudo realizado por investigadores do Centro de Biologia Marinha (Cebimar) da Universidade de São Paulo (USP) resultou na descrição de nove espécies novas de briozoários do género Bugula no litoral brasileiro.

Os briozoários são animais invertebrados majoritariamente marinhos que vivem em colónias, presos ao substrato.

O estudo que descreve as espécies – encontradas nos litorais de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo – foi publicado na revista PLoS One.

As novas espécies foram denominadas de: Bugula bowiei, Bugula foliolatan, Bugula guara, Bugula biota, Bugula ingens, Bugula gnoma, Bugula alba, Bugula rochae e Bugula migottoi.

Os nomes das novas espécies homenageiam o Programa BIOTA-FAPESP (Bugula biota), o vice-diretor do Cebimar, Álvaro Migotto (Bugula migottoi), a professora Rosana Rocha, do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná (Bugula rochae), e o músico britânico David Bowie (Bugula bowiei).

O artigo com a descrição foi elaborado por Leandro Vieira, investigador do departamento de Zoologia do Instituto de Biociências (IB) da USP, Karin Fehlauer-Ale, investigadora do Laboratório de Sistemática e Evolução de Bryozoa do Cebimar, e Judith Winston, do Museu de História Natural da Virginia (Estados Unidos).

O estudo foi realizado com apoio da FAPESP, no âmbito do projeto “Caracterização molecular de Bugula spp.: implicações taxonómicas, filogenéticas e de bioinvasão”, coordenado por Migotto.

Segundo Fehlauer-Ale, além de contribuir para a caracterização morfológica e para o conhecimento sobre a riqueza de espécies do género Bugula no Atântico Sul, o estudo também realizou uma revisão taxonómica do gênero.

Algumas das novas espécies caracterizadas eram antes confundidas com espécies típicas do Atlântico Norte e consideradas como espécies invasoras no Brasil.

“Em alguns casos não se tratava de espécies invasoras, mas apenas de um problema taxonómico. É importante fazer essa revisão, porque, se um táxon for identificado de forma errónea, isso pode resultar em medidas inadequadas contra invasores que não o são, ou pode levar a subestimar a diversidade de uma costa ao considerar várias espécies como uma só”, disse Fehlauer-Ale à Agência FAPESP.

Embora sejam organismos sésseis – isto é, que vivem presos ao substrato marinho –, os briozoários se movimentam na coluna d’água durante a fase larval de seu ciclo de vida.

Ainda assim, como a fase móvel é bastante restrita, seria plausível que cada espécie tivesse uma restrição geográfica bem determinada.

“No entanto, o que temos observado é que várias espécies possuem uma distribuição global, ao contrário do que seria de se esperar. A hipótese que sugerimos para explicar isso é o transporte antropogénico: isto é, os briozoários podem ser disseminados nos cascos de navios, em sua fase adulta. Por isso há uma preocupação com espécies invasoras em relação a esse filo”, disse Fehlauer-Ale.

60% das espécies conhecidas

Um dos objetivos do grupo do Cebimar foi compreender melhor que espécies residem na costa brasileira.

O género Bugula foi escolhido porque já incluía algumas espécies reconhecidas como invasoras. Outro objetivo foi realizar amostragens comparativas fora da área mais estudada, que é a região Sudeste.

O grupo estudou regiões costeiras de Alagoas, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. “Para nossa surpresa, descobrimos nove espécies novas, o que corresponde a mais de 60% das espécies já conhecidas na costa brasileira”, disse Fehlauer-Ale.

Além dos autores do artigo, os estudos tiveram contribuição de Andrea Waeschenbach, do Museu de História Natural de Londres (Reino Unido), e Ezequiel Ale, doutor de genética e biologia evolutiva do IB-USP.

De acordo com Fehlauer-Ale, de agora em diante seus estudos terão foco na espécie Bugula neritina, que tem indícios de ser um “mosaico”.

“É possível que sejam três espécies de Bugula morfologicamente semelhantes, mas que apresentam distinções em análises de ADN e outros atributos como simbiose bacteriana. Encontradas em escala global, duas das espécies têm potencial de invasão”, afirmou.

O trabalho terá colaboração dos invetigadores Joshua Mackie, da Universidade Estadual de San Jose, na Califórnia (Estados Unidos), e Grace Lin-Fong, do Randolph-Macon College, na Virgínia (Estados Unidos).


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