terça-feira, 3 de julho de 2012

Suspense aumenta à espera das últimas notícias da partícula de Deus


As especulações têm ido em crescendo nos blogues de física nos últimos dias. Será que é desta vez que o Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN), perto de Genebra, na Suíça, onde está albergado o LHC, o maior acelerador de partículas do mundo, vai anunciar oficialmente a descoberta do bosão de Higgs? 

O encontro com a verdade está marcado para esta quarta-feira, dia 4 de Julho, logo de manhã, quando os responsáveis das duas experiências que procuram o Higgs no LHC - a CMS e a ATLAS - vão revelar os mais recentes resultados do processamento dos dados obtidos nas colisões de protões que decorreram nesses dois gigantescos detectores de partículas subatómicas desde 2011. 

Até lá, não saberemos mais nada, mas isso não tem impedido diversos especialistas de especularem. O físico norte-americano Peter Woit, autor do blogue Not Even Wrong, começa o seu último post com esta frase, que não poderia ser mais clara quanto às suas expectativas pessoais: "O anúncio da descoberta do Higgs vai ser feito na próxima quarta-feira às 9h da manhã." Um outro blogue de física de partículas, o Résonaances, tem na sua página um relógio em contagem decrescente sob o título "A descoberta do Higgs dentro de...", com um desenho de duas taças de champanhe a entrechocarem-se. 

Também alguma imprensa internacional mais arrojada já dá o facto por consumado. O britânico Daily Mail apresentava segunda-feira como elemento de prova da existência do dito bosão o facto de o próprio Peter Higgs, o cientista britânico que em 1964 teorizou a existência da partícula que leva o seu nome, ter sido convidado a assistir à apresentação de quarta-feira em Genebra. E o Sunday Times noticiava na sua última edição que Tom Kibble, um dos outros cinco cientistas que chegaram à mesma conclusão que Peter Higgs na mesma altura, também foi convidado para o evento, tendo declarado àquele semanário britânico que "os resultados devem ser bastante positivos para nos pedirem para estarmos lá".

Entretanto, os cientistas do Tevatron, no Fermilab, EUA - que até à entrada em funcionamento do LHC era o maior acelerador de partículas do mundo, mas que teve de fechar em Setembro passado por falta de fundos -, apresentaram ontem os resultados finais de dez anos de caça ao bosão de Higgs (2001-2011) durante os quais duas experiências, chamadas CDF e D0, registaram um total de 500 milhões de milhões de colisões de protões.

Segundo salientaram Eric James e Wade Fisher, os respectivos responsáveis pelas equipas que trabalharam nesses detectores, numa conferência transmitida segunda-feira porwebcast em directo do Fermilab, se o CERN anunciar quarta-feira a descoberta do bosão de Higgs, o manancial de dados do Tevatron irá representar um importante contributo para afinar o estudo das propriedades da tão procurada e esquiva partícula.

O bosão de Higgs, que muitos gostam de designar de "partícula de Deus", é o único, de todo o bestiário de partículas previstas pelo chamado Modelo-Padrão, cuja existência ainda não foi demonstrada (o Modelo-Padrão é, por assim dizer, a "tabela periódica" das partículas elementares e das forças que as unem). O bosão de Higgs é essencial à explicação do mundo que nos rodeia, uma vez que é ela que confere, segundo o Modelo-Padrão, a sua massa às outras partículas (como os quarks, electrões e protões) - e que, sem ela, a matéria tal como a conhecemos, incluindo nós próprios, não poderia existir.

fonte: Público

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