terça-feira, 24 de julho de 2012

Morreu a primeira norte-americana a ir ao espaço


Sally Ride durante a sua primeira missão espacial Fotografia © NASA


Sally Ride a bordo do vaivém Challenger da NASA Foto: NASA/AFP 



Sally Ride fotografada em 2009 num evento ligado à ciência Foto: Jason Reed/Reuters

Sally Ride, a primeira mulher norte-americana a viajar no espaço, morreu na segunda-feira, aos 61 anos, na sequência de um cancro do pâncreas, anunciou a sua fundação.

Segundo a sua fundação, a Sally Ride Science, a astronauta morreu 17 meses depois de lhe ter sido diagnosticado um tumor no pâncreas.

Foi em Junho de 1983, há quase 30 anos, que Sally Ride partiu para o espaço a bordo de um vaivém da NASA. A astronauta “quebrou as barreiras com graça e profissionalismo e literalmente mudou o programa espacial norte-americano”, disse num comunicado, citado pela AFP, o administrador da NASA, Charles Bolden.

Também a Casa Branca fez um comunicado na sequência da morte de Sally Ride. “A Michelle e eu estamos profundamente tristes com a morte de Sally Ride. Como primeira norte-americana a viajar para o espaço, Sally foi uma heroína nacional e uma poderosa modelo. Inspirou gerações de jovens raparigas a alcançar as estrelas e, mais tarde, lutou incessantemente para ajudá-las ao defender uma grande aposta na ciência e na matemática nas nossas escolas. A vida de Sally mostrou-nos que não há limites para o que podemos conseguir”, lê-se no comunicado do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que Sally apoiou em 2008.

Foi na segunda missão do vaivém Challenger da NASA que Sally Ride, que nasceu em 1951 na Califórnia, então com 32 anos, doutorada em Física pela Universidade de Stanford e tenista júnior de categoria nacional, se tornou na primeira mulher norte-americana e também na pessoa mais nova de sempre nos EUA a viajar para o espaço. Tinha sido escolhida, em 1978, entre quase nove mil candidatos que responderam a um anúncio da NASA publicado nos jornais e que procurava potenciais astronautas para participarem no seu programa espacial. Esta foi a primeira vez que a agência espacial norte-americana abriu candidaturas para a sociedade civil e também para mulheres.

"O facto de ser a primeira norte-americana a ir para o espaço criou grandes expectativas", recordou Sally, em 2008, numa entrevista a propósito do 25º aniversário do seu feito. "Não pensei muito nisso naquele tempo - mas acabei por vir a apreciar a honra de ter sido seleccionada", acrescentou.

Contudo, Sally não foi a primeira mulher do mundo a entrar no espaço. Em 1963, a soviética Valentina Tereshkova foi a pioneira. A 16 de Junho desse ano, Tereshkova iniciou uma viagem de três dias que tinha por objectivo elevar o prestígio da União Soviética no que toca à exploração espacial. Dois anos antes, os soviéticos tinham conseguido colocar o primeiro homem em órbita - Iuri Gagarine. A missão de 70 horas e 41 minutos que cumpriu quando tinha 26 anos foi a primeira e única vez que Tereshkova foi ao espaço. 

Estava previsto um segundo voo feminino para 1966, mas foi cancelado devido à morte de Serguei Koroliov, o construtor dos primeiros foguetões e mísseis russos e também o pai do programa espacial soviético. Um ano depois, morreu também o cosmonauta Vladimir Komarov, durante os testes de uma nova cápsula Soiuz. E em 1968 outro acidente enlutou a União Soviética: Gagarine morreu, aos comandos de um avião. Ainda assim, uma segunda mulher soviética, Svetlana Savitskaia, conseguiu em 1982 o feito antes de Sally Ride. 

Mas a missão STS-7 da NASA em que Sally Ride participou foi a primeira de um vaivém a utilizar o hoje célebre braço robotizado para colocar fora do porão da nave um satélite carregado de experiências e instrumentos científicos, que voou ao lado do vaivém durante várias horas, e para o recuperar no fim.

Depois de mais um voo a bordo do mesmo vaivém, quando o Challenger se desintegrou no ar, em 1986, pouco mais de um minuto após a descolagem, Ride foi chamada a participar na comissão de inquérito que investigou o acidente. Deixou a NASA um ano depois, após 350 horas passadas fora de órbita, para trabalhar em Stanford.

Activista da educação científica, em particular a das raparigas, Ride criou em 2001 a fundação Sally Ride Science, que organiza eventos educativos e edita livros de ciência destinados aos alunos do ensino básico e secundário, aos professores e aos pais. Escreveu vários livros para crianças sobre a exploração do espaço. 

fonte: Público

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