domingo, 15 de julho de 2012

Duplo La Niña produz clima extremo em 2011


Na Austrália houve cheias devastadoras que se repetiram em 2012 Fotografia © Daniel Munoz-Reuters

Relatório internacional mostra tendência de alterações climáticas, apesar de ter sido o ano menos quente desde 2008

Um duplo La Niña garantiu que 2011 fosse o ano com temperaturas médias mais baixas desde 2008, mesmo assim acima da média dos últimos 30 anos. Segundo o último relatório Estado do Clima 2011, publicada esta semana pela agência americana da atmosfera e oceanos (NOAA), houve vários fenómenos climáticos extremos, incluindo cheias no Brasil, Austrália e Tailândia, secas na África e no norte do México e ainda tornados devastadores nos EUA.

O relatório, que pode ser consultado aqui, foi compilado por 378 cientistas de 48 países e revisto por especialistas. O elemento mais importante foi um duplo La Niña no Pacífico. Este fenómeno é caracterizado por água superficial mais fria do que a média na região equatorial e oriental do oceano. O La Niña é inverso ao El Niño (neste último, mais famoso, a água aquece e a corrente dirige-se para a costa americana). Estas correntes fazem parte de um sistema denominado Oscilação Sul, que tem impacto global.

O efeito das duas Las Niñas estão na origem de uma temporada de ciclones mais longa no Atlântico Norte e os dois anos mais húmidos de que há memória na Austrália. Mas há outras tendências não diretamente ligadas à Oscilação Sul, por exemplo, o aumento do teor de gases com efeito de estufa na atmosfera. Em média, o dióxido de carbono ultrapassou pela primeira vez as 390 partes por milhão (ppm), 2,1 ppm mais do que no ano anterior.

A concentração de ozono sobre o Ártico foi a mais baixa desde 1979, aumentando os perigos da radiação ultravioleta. Também no Ártico, a placa de gelo continua a diminuir. Em 2011, a extensão máxima e mínima foram as menores desde que há registos de satélites. A salinidade dos oceanos está a aumentar e mesmo com a ocorrência de um duplo fenómeno La Niña, a temperatura média dos oceanos do planeta esteve entre as 12 mais elevadas dos registos.


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