domingo, 1 de julho de 2012

Água quente congela mais rápido que fria. Explicação vale mil libras


Um segurança transporta água quente na paisagem nevada de Pequim 

A Sociedade Real de Química, no Reino Unido, quer descobrir a razão para um mistério de séculos 

O fenómeno já fazia Aristóteles dar voltas a tudo o que eram teorias da Química, sem que alguma vez tivesse alcançado uma explicação. Porque congela a água quente mais rápido que a água fria? Depois do filósofo grego, aprendiz de Platão, também os modernistas Francis Bacon e René Descartes se debruçaram sobre o problema. E nada. A Sociedade Real de Química, no Reino Unido, quer agora pôr uma pedra sobre o assunto e lançou um desafio: até ao fim de Julho, quem conseguir apresentar a “explicação mais criativa” para o chamado efeito Mpemba poderá ganhar um prémio de mil libras, o equivalente a cerca 1200 euros.

O critério exigido pela sociedade é o de que as explicações sejam “cativantes, que prendam a atenção e soem a ciência”. Para apresentar as ideias, os concorrentes podem servir-se dos meios multimédia que considerarem mais úteis.

EFEITO MPEMBA Estamos nos anos 1970. O estudante tanzaniano Erasto Mpemba via-se a braços com um desafio difícil, ainda para mais quando tinha apenas 13 anos: fazer gelados a partir de leite para um projecto escolar. Mpemba deveria ferver o leite, deixá-lo arrefecer e, depois, congelá-lo. O problema para o jovem estudante é que ficava sem espaço no congelador. Foi aí que decidiu saltar a etapa intermédia e pôr o leite ainda quente no congelador. Percebeu depois que a sua amostra tinha atingido o estado sólido mais rápido que a dos colegas.

Anos mais tarde, já no secundário, Erasto Mpemba cruzou-se com Denis G. Osborne e questionou o investigador sobre o fenómeno: “Se tiver dois contentores iguais, com iguais volumes de água, um a 35 graus e outro a 100 graus, e se os colocar no congelador, o líquido mais quente congela primeiro. Porquê?” Depois de repetir a experiência no seu laboratório e confirmar os resultados de Mpemba, Denis G. Osborne publicou um artigo em conjunto com Mpemba sobre o fenómeno.

Longe de pôr um ponto final no mistério, o que o artigo abriu foi o espaço para o debate interminável. Apesar de ao longo dos anos ter havido muitas tentativas para encontrar um argumento científico que explicasse o fenómeno, essa explicação nunca foi alcançada. O calendário é apertado, mas o estímulo lançado pela Sociedade Real de Química britânica pode levar a que, em um mês, Aristóteles tenha descanso.

fonte: Jornal i

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