Uma equipa internacional de antropólogos descobriu, no sítio arqueológico Abri Castanet, no sudoeste de França, a mais antiga forma de arte mural. Com cerca de 37 mil anos, é o grafito mais antigo do Mundo.
A descoberta deita por terra um estudo publicado na semana passada nos Anais da Academia Nacional Norte-Americana de Ciências, em que cientistas franceses descreviam que as pinturas rupestres da gruta de Chauvet, também em França e com 30 mil a 36 mil anos, "eram as mais antigas e elaboradas".
Na edição desta semana da mesma revista, uma outra equipa de investigadores apresenta novos dados, depois de ter feito análises geológicas a vestígios encontrados nas escavações realizadas, em 2007, em Abri Castanet.
Apesar das diferenças temporais e de estilo que as separam, as pinturas de Castanet e Chauvet remontam à cultura Aurinhacence, do período pré-histórico do Paleolítico superior.
Os aurinhacenses foram os primeiros homens modernos descendentes dos que emigraram de África há quase 45 mil anos e sucederam ao homem de Neanderthal.
No sítio arqueológico de Abri Castanet, em Périgord Noir, os cientistas descobriram um bloco de calcário, de 1,5 toneladas e com diversas imagens gravadas, que fazia parte da abóboda de uma caverna, que serviu de abrigo a um grupo de caçadores, que poderiam chegar a 300.
Local onde foi encontrada a pintura mural
Uma análise geológica posterior revelou que a abóbada, em ruínas, estava dois metros acima do solo.
A riqueza das gravuras do bloco de pedra, como as representações de vulvas, cavalos e formas geométricas, provam, na opinião dos cientistas, o papel importante da expressão artística na vida quotidiana dos primeiros homens modernos.
"Os primeiros humanos aurinhacenses funcionavam, mais ou menos, como os humanos de hoje", sustentou Randall White, coautor do novo estudo e professor de antropologia na Universidade de Nova Iorque, realçando que os primitivos possuíam também "identidades sociais relativamente complexas, comunicadas pelos ornamentos pessoais, e faziam escultura e artes gráficas".
De acordo com o investigador, os aurinhacenses tinham igualmente "uma linguagem sofisticada", uma vez que é difícil imaginar a complexidade técnica e artística "sem a capacidade de se exprimirem pela Língua".
Comparativamente com as pinturas da gruta de Chauvet, as de Abri Castanet são menos refinadas, mas muito mais próximas do dia-a-dia dos seus habitantes.
Abri Castanet localiza-se não muito longe da gruta de Lascaux, que tem 17 mil anos e foi pintada pelos descendentes dos aurinhacenses.
fonte: JN
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