segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Vulcões emitem uma série de sinais de alerta para possíveis erupções


Desafio é decidir o momento de evacuar cidades próximas

De todas as grandes manifestações da natureza, talvez a mais “gentil” seja o vulcão. Não que os gigantes adormecidos poupem os humanos na hora da fúria, mas, ao contrário de um tornado, por exemplo, eles dão uma série de avisos de que algo bem sério está prestes a acontecer. Libertação de gases e vapor de água, pequenos terremotos e até um aumento do tamanho da montanha são capazes de determinar a iminência de uma erupção. O grande desafio dos cientistas e das autoridades é decidir quando é a hora certa de evacuar as cidades em volta. Uma tarefa que exige cautela e certa dose de adivinhação: uma explosão nunca é igual à outra e mesmo um único vulcão pode apresentar comportamentos bem diferentes.

Os vulcões entram em erupção porque o magma do interior da Terra aquece tanto que procura frestas na crosta para escapar — mais ou menos como a água a ferver numa chaleira. Assim como no recipiente de cozinha, tudo só acontece graças a inúmeras reações químicas e físicas. “A maior parte da energia de um vulcão surge a partir do decaimento de elementos químicos, átomos que se quebram e libertam certa quantidade de calor”, explica o professor Luiz Mantovani, da Universidade Federal do Paraná. Se isso acontece numa escala mínima, não há uma catástrofe. Sob a crosta, no entanto, a produção de calor é bastante elevada.

Em geral, as erupções acontecem perto das falhas geológicas, que representam a “saída de emergência” para o magma. É possível, porém, que um vulcão surja, aparentemente, do nada. Nesses casos, o manto da Terra (logo abaixo da crosta) fica tão aquecido que se torna mais leve do que a parte de cima e, por isso, sobe. Ilhas inteiras são formadas desse modo, a mais famosa delas é o Havaí, que, aliás, ainda está em expansão. A sorte dos havaianos e dos milhares de turistas que visitam o estado norte-americano é que as montanhas avisam sobre seu estado. “Além da análise de gases libertados na cratera, é possível verificar que a montanha inteira vai ‘estufando’, porque o magma está subindo”, conta o professor Mantovani. A diferença é de alguns centímetros, o bastante para acender a luz vermelha dos cientistas.

É aí que começa o processo decisório junto às autoridades. “Essa é uma questão muito difícil, pois os vulcões são muito complexos. Geralmente, se pequenas explosões estão ocorrendo e se há um aumento na libertação de gases, aliado a abalos sísmicos, está na hora de evacuar a região”, aponta Scott Rowland, vulcanologista da Universidade do Havaí. Em alguns casos, a actividade vulcânica gera tsunamis, que também são previstos pelos serviços de alerta. Para se ter uma ideia, a erupção do vulcão Cracatoa, na Indonésia, no século XIX, gerou uma onda gigante que atravessou o planeta. Perto da montanha, ela atingiu 40m de altura.

Além de salvar a vida de muitas pessoas, o trabalho de cientistas como Rowland também permite desvendar uma série de mistérios sobre o centro do planeta e, até mesmo, sobre o surgimento da vida na Terra. “Os vulcões têm uma importância gigantesca. Basta lembrar que o homem se desenvolveu sobre a placa africana, um lugar que, há biliões de anos, estava repleto de vulcões”, destaca o professor Mantovani. A lava atira para a superfície uma série de elementos essenciais para a manutenção de plantas e animais. É por isso que os italianos exaltam tanto a qualidade de seus tomates: as plantações do fruto são feitas sob o pé de uma série de gigantes adormecidos, entre eles, o Vesúvio, que soterrou as cidades de Herculano e Pompeia no início da era cristã.

Caminho precioso

Hoje, a maioria dos vulcões possui uma chaminé de algumas dezenas de quilómetros. Antigamente, porém, esse caminho era muito maior. É graças a essa estrutura que foram formados os diamantes. Compostos por átomos de carbono, esses minerais só existem graças a altas temperaturas e forte pressão — condições possíveis apenas em chaminés de, pelo menos, 150km de extensão.


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