sábado, 14 de janeiro de 2012

Rússia afirma que fracassos espaciais podem ter "causas externas"


Estação interplanetária russa Phobos-Grunt em queda

Dias antes da queda da sonda Phobos-Grunt na Terra, chefe da agencia espacial russa acredita na possibilidade de boicote.

O chefe da agência espacial russa Roscosmos, Vladimir Popovkin, não descarta que os últimos fracassos da Rússia no setor aeroespacial tenham "causas externas", detalhou na terça-feira o jornal russo "Izvestia".

"Não gostaríamos de culpar ninguém, mas hoje em dia existem meios muito eficazes para atingir alvos espaciais, e não se descarta que estes meios estejam sendo utilizados", declarou Popovkin.

O diretor da Roscosmos lembrou que ainda não estão esclarecidas as causas da avaria da estação interplanetária russa Phobos-Grunt que ficou orbitando ao redor da Terra ao invés de seguir para a lua de Marte após o lançamento em novembro.

"Também não temos claro as causas dos frequentes fracassos de nossos equipamentos que ocorreram quando sobrevoam parte da Terra que está à sombra para Rússia, onde não vemos o aparelho e não podemos receber dados do mesmo", acrescentou.

Popovkin assinalou que para melhorar sua situação a Rússia concluirá em 2013 a formação do sistema de vigilância e acompanhamento espacial "Luch-5", que será composto por três satélites. "Os satélites nos garantirão a visão ao vivo. Saberemos com certeza o que ocorre em que momento", detalhou.

O Ministério da Defesa russo anunciou na semana passada que os fragmentos da Phobos-Grunt poderiam cair na Terra em 15 de janeiro.

"Segundo os dados que temos e os prognósticos dos especialistas, o prazo de queda da sonda oscila entre 10 e 21 de janeiro, com o dia 15 como a data mais provável", informou a Roscosmos em comunicado.

Quanto ao local da colisão da sonda, que ficou à deriva em torno da Terra desde o dia 8 de novembro, a Roscosmos é mais cautelosa e afirmou que isso não poderá ser previsto até 24 horas antes da reentrada da sonda na atmosfera.

A estação interplanetária deveria realizar uma missão de 34 meses que incluía o voo a Phobos, uma das duas luas de Marte, a descida a superfície e, finalmente, o retorno à Terra de uma cápsula com mostras do solo do satélite marciano.

O projeto, com custo de US$ 170 milhões, tinha como objetivo estudar a matéria inicial do sistema solar e ajudar a explicar a origem de Phobos e Deimos, a segunda lua marciana, assim como dos demais satélites naturais no sistema solar.

O jornal "Izvestia" informou em dezembro que a Roscosmos restringirá a partir de 2012 as viagens ao exterior a todos os seus empregados que conheçam, direta ou indiretamente, informações classificadas como segredo de Estado.

Anteriormente, Nikolai Rodionov, ex-comandante-em-chefe do Sistema de Prevenção de Ataques com Mísseis da Rússia, declarou que radares americanos teriam condições de provocar a falha da Phobos-Grunt.

Ele pediu ainda a utilização de menos componentes electrónicos estrangeiros na fabricação de mísseis e equipamentos espaciais russos.

"Em qualquer momento (os fabricantes estrangeiros) poderiam emitir sinais, ativar chips capazes de deixar fora de serviço um míssil ou uma nave espacial", explicou Rodionov.

Phobos em queda

A superfície da Terra será atingida apenas por cerca de 20 a 30 fragmentos da nave, com uma massa conjunta que não ultrapassará os 200 quilos.

O resto da sonda será desintegrado ao entrar em contacto com a atmosfera, da mesma forma que o combustível que leva a Phobos-Grunt, que será queimado a cerca de 100 quilómetros de altura.

Nos últimos meses, duas naves também se chocaram com a Terra: o satélite meteorológico americano UARS, que caiu em setembro no oceano Pacífico e o alemão ROSAT, um mês depois, no Índico.

O Centro Geral de Reconhecimento Espacial do Ministério da Defesa russo, que determinou com precisão a data e o local da queda do UARS e do ROSAT, vigia os parâmetros da órbita da estação ininterruptamente.

fonte: IG

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