sexta-feira, 10 de junho de 2011

Arqueólogos acreditam ter encontrados restos mortais de membros da família imperial russa


Arqueólogos acreditam ter encontrado os restos mortais de membros da família imperial russa que foram executados pelos bolcheviques e sepultados em valas comuns descobertas casualmente na Fortaleza de Pedro e Paulo de São Petersburgo.

"Fontes seguras dizem que quatro grão-duques da disnatia Romanov foram mortos em 1919 nesta fortaleza. Acreditamos ter encontrado os restos de Georgi Mikhailovich, Nikolai Mikhailovich, Dmitri Konstantinovich e Pavel Alexandrovich", afirmou à AFP Vladimir Kildiushevski, arqueólogo responsável pelas escavações.

Restos mortais de centenas de pessoas fuziladas já haviam sido encontrados no local em outra ocasião.

O grão-duque Pavel Alexandrovich Romanov era tio do último czar russo, Nicolau III, executado nos Montes Urais pelos bolcheviques em 1918 ao lado de sua família. As outras três vítimas eram seus primos, netos do czar Nicolau I.

Os quatro grão-duques foram assassinados em 1919 na Fortaleza de Pedro e Paulo, no coração da antiga capital do império russo, mas o lugar de suas sepulturas nunca fora localizado.

Os bolcheviques mataram inúmeras pessoas na fortaleza situada às margens do Rio Neva, na qual se encontra a Catedral de Pedro e Paulo. No local, foram sepultados todos os czares da Rússia desde Pedro, O Grande.

Quase um século depois, o descobrimento acidental de restos humanos durante obras de restauração, em 2007, deram início a novas escavações.

Os arqueólogos encontraram seis fossas comuns que datam de 1917-1919 com os restos de centenas de pessoas, incluindo jovens que tinham cerca de 16 anos de idade quando foram mortos.

"Todas as vítimas foram assassinadas com um tiro na cabeça e os corpos amontoados nas valas", explicou Vladimir Kildiushevski.

"Alguns crânios trazem marcas em particular, como se as vítimas tivessem levado uma coronhada na cabeça", acrescentou.

O arqueólogo mostrou objectos encontrados entre os ossos: óculos, uma grande cruz de ouro, cigarreiras, cadernos, pedaços de roupas, um chapéu ainda bem conservado e um sapato.

"Em algumas valas, foram atiradas apenas pessoas mais velhas, os civis. Em outras, jovens entre 20 e 30 anos que eram cadetes das escolas militares", contou o arqueólogo.

As mortes ocorreram durante o período conhecido como "Terror Vermelho" desencadeado pela Cheka (a polícia política) e o Exército durante a guerra civil no país, que durou de 1918 a 1923.

Durante estes anos, milhares de "inimigos" - nobres, burgueses, funcionários, sacerdotes, grevistas e camponeses - foram executados na Rússia.

"Estamos a exterminar a burguesia como classe. Não procurem provas para saber se um acusado agiu contra o poder soviético com actos ou palavras. A pergunta que se deve fazer é a que classe ele pertence. Esta pergunta determinará o seu destino. Este é o significado do terror vermelho", escreveu em 1918 um dos chefes da Cheka, Martin Latsis.

Latsis foi quem determinou a morte dos quatro Romanov executados em Petrogrado (nome de São Petersburgo entre 1914 e 1924, antes de ser batizada como Leningrado de 1924 a 1991).

"Estamos agora a tentar determinar com exatidão quem foi executado aqui (na Fortaleza) e pretendemos continuar com as investigações. É muito provável que existam mais restos mortais no local", disse Kildiushevski, lamentando que as escavações - a cargo do Museu de História de São Petersburgo - estejam suspensas por falta de financiamento.

fonte: AFP

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