sábado, 17 de julho de 2010

Veleiro de N. Iorque terá navegado nos mares das Caraíbas


Achado arqueológico não travou os trabalhos de construção do novo World Trade Center

Os operários que efectuam a escavação do futuro World Trade Center, na zona de impacto do 11 de Setembro de 2001, encontraram o casco de um navio do século XVIII com dez metros de comprimento. O barco estava a uma profundidade de oito a dez metros. Os arqueólogos americanos pensam que foi deixado naquele local como material de aterro, numa altura em que Nova Iorque procurava criar novos terrenos no rio Hudson.

A descoberta, anunciada na terça-feira, produziu enorme interesse mediático, mas não deverá alterar o calendário dos trabalhos da nova construção, que substituirá as torres gémeas derrubadas no atentado de 11 de Setembro. A zo-na escavada fica entre as antigas ruas Liberty e Cedar, nunca tendo sido construído qualquer edifício no local.

A exposição da madeira ao ar trouxe problemas imediatos de conservação dos restos do barco. Sem a lama protectora, a madeira poderia ter-se desintegrado, mas felizmente para os arqueólogos choveu nos últimos dias, dando tempo para estudos mais cuidadosos do achado arqueológico.

Um mapa de Nova Iorque de 1797 mostra que esta parte da cidade estava muito próxima de dois cais que se projectavam sobre o rio Hudson. Muitas décadas de acumulação de entulho deram lugar a terrenos sólidos que mais tarde receberam arranha-céus.

Análise mais cuidadosa desta descoberta indica que o achado corresponde a um barco que navegou na segunda metade do século XVIII e talvez no início do século XIX. Um barco de carga maior do que este e da mesma época foi descoberto em 1982, numa zona próxima desta.

Os historiadores afirmam que a prática de entulhar a margem do rio era muito comum já no século XVIII, devido a uma prática de compra e venda de terrenos subaquáticos, que davam o direito aos seus proprietários de instalar cais. Progressivamente, as zonas entre os diferentes cais iam sendo também atulhadas, criando-se nova propriedade nas margens do rio. foi assim que a ilha de Manhattan se foi expandindo. Aliás, os preços dos terrenos eram tão elevados que houve também tendência para construir edifícios em altura.

Isto, por enquanto, são conjecturas, pois os historiadores não conhecem ao pormenor o passado desta parte da cidade. A zona pertence à Autoridade do Porto de Nova Iorque.

Partes do esqueleto do veleiro já foram levadas para um laboratório e verificou-se que o barco terá navegado no Mar das Caraíbas, devido a pequenos orifícios na madeira provocados por organismos desta região.

Há também uma teoria segundo a qual o pequeno barco pode ter servido como baleeiro. Decorrem agora trabalhos de datação mais precisa e análises que permitam determinar se o veleiro estava armado.

A zona de impacto do World Trade Center é hoje um vasto estaleiro de construção de um novo complexo de arranha-céus para substituir as torres que ruíram nos atentados da Al-Qaeda, em 2001.


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