quarta-feira, 14 de julho de 2010

Subtilezas do cérebro humano à luz dos bebés


Áreas que mais se desenvolvem são as mais diferentes em relação aos macacos

Foi um acaso. Uma equipa de investigadores da universidade norte-americana de St. Louis, no Missuri, Estados Unidos, queria estudar o desenvolvimento cerebral dos bebés prematuros, para perceber se poderiam apresentar diferenças, a longo prazo, em relação aos bebés nascidos de termo certo. Mas acabaram por descobrir, por comparação com um trabalho que anteriormente tinham realizado em chimpanzés e macacos, que as áreas cerebrais que mais se desenvolvem durante a infância e juventude coincidem com aquelas que são mais diferentes entre humanos e outros primatas.

A descoberta, que foi publicada na Proceedings of the National Academy of Sciences, acaba por lançar luz sobre a evolução recente do cérebro humano. Estas diferenças no desenvolvimento cerebral naquelas áreas específicas, que são também as mais diferentes entre o ser humano e os outros primatas, "explicam por que razão o cérebro humano é muito maior do que o de qualquer outro primata", sublinha David Van Essen, um dos autores do estudo.

Os prematuros correm um risco acrescido de dificuldades de aprendizagem, déficit de atenção, problemas de comportamento ou menor desempenho intelectual, escrevem os autores no artigo. Mas, até há pouco, sublinham os autores "estávamos limitados na possibilidade de estudar os efeitos no cérebro de se nascer prematuro, uma vez que tínhamos muito pouca informação sobre o próprio desenvolvimento cerebral normal".

Isso foi ultrapassado com uma estratégia neste estudo. A equipa usou um scanner para cartografar a superfície do cérebro e criar um atlas das estruturas cerebrais que depois pudessem ser comparadas. Com esse método analisaram o cérebro de 12 crianças nascidas com nove meses de gestação e outros tantos jovens adultos saudáveis, para poderem fazer depois comparações com os cérebros dos prematuros.

Os dados e imagens recolhidos foram combinados num só atlas, de forma a permitir avaliações quantitativas das diferenças entre o cérebro do recém-nascido e o do jovem adulto.

A equipa verificou que as zonas responsáveis pelas funções mentais superiores, como a capacidade de falar, se desenvolvem duas vezes mais do que as outras regiões durante o crescimento normal, até à idade adulta. Foi depois, na comparação do desenvolvimento cerebral humano com o resultado de pesquisas anteriores sobre o cérebro de macacos e chimpanzés, que a equipa reparou na coincidência entre estas áreas que mais se desenvolvem e as que são mais diferentes entre os humanos e outros primatas. "A correlação não é perfeita, mas é suficientemente grande para não ser um acaso", conclui a equipa.

fonte: DN

Sem comentários:

Enviar um comentário