domingo, 18 de julho de 2010

Rio: meteorito muda rotina de cidade e atrai caçadores de tesouro


Fenómeno inédito no Brasil há 19 anos, a queda de um meteorito em meados de junho modificou a rotina de Varre-Sai, município de pouco mais de 8 mil habitantes no noroeste do Estado do Rio de Janeiro. Ao oferecer recompesas a quem encontrar fragmentos do objecto, a prefeitura incentivou uma "caça ao tesouro" na cidade. Em menos de um mês, o livro de visitas da administração municipal registou a passagem de pelo menos 600 pessoas de várias partes do País e até do exterior em busca da novidade histórica.

O município ofereceu R$ 18 mil (7,810.49 EUR) a um morador por uma pedra de 11 cm, guardada a sete chaves em um cofre da prefeitura enquanto a compra ainda está em negociação. O sigilo, segundo o prefeito Everardo Oliveira Ferreira, é para evitar que " a descoberta vá parar nas mãos de especuladores". O político, que já sonha com um museu espacial e um observatório astronomico na cidade, ainda prometeu dar bicicletas a quem encontrar mais pedaços do meteorito.

Não bastasse as recompensas anunciadas pela prefeitura, especialistas intensificaram a "caça ao tesouro" após afirmarem que um pedaço de 20 kg do meteorito avaliado em mais de R$ 1 milhão (433,915.87 EUR) pode estar no território de Varre-Sai. "Com o impacto, (o pedaço) deve estar enterrado em algum ponto da região. Cada grama de um meteorito pode valer até R$ 52"(22.5358 EUR), afirma o astrofísico da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Marcelo de Souza.

A notícia movimentou o comércio de Varre-Sai, cuja economia gira em torno da produção de 70 mil sacas de café por ano. Segundo empresários, a procura por fragmentos do fenómeno fez o comércio e os hotéis registarem crescimento de até 20%. "As pessoas vêm atrás de meteorito e acabam levando nosso produto", diz Geraldina Ridolphi, 74 anos, dona de adega que fabrica vinho de jabuticaba. "Há muito tempo não tínhamos uma procura tão grande por vagas", afirma Gilson Novaes, dono de uma pousada e um restaurante.

Um dos atraídos pelo meteorito foi o casal de colecionadores bolivianos Benjamin Rivera e Cláudia Avellar. Os dois compraram três pedaços da pedra de um agricultor por R$ 176 (76.2563 EUR). No entanto, a cobiça custou caro. No último dia 7, eles foram detidos no Aeroporto Internacional Tom Jobim ao tentar embarcar com as pedras. Segundo a polícia, a aquisição deveria ter sido comunicada ao Departamento Nacional de Produção Mineral.

Sistema Solar

Tamanho interesse no meteorito tem explicação científica. No Brasil, onde há 19 anos não caía algo semelhante, havia somente 58 corpos celestes desse tipo catalogados - o último no Rio de Janeiro havia sido há 141 anos, em Angra dos Reis.

A importância da rocha que caiu em Varre-Saifoi já foi atestada por especialistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf). A pedra é do tipo condrito, cujas características rochosas não sofreram modificações desde a formação do Sistema Solar. "Tudo que vem do universo é considerado um extraterrestre e nos ajuda a entender a formação dos planetas", diz a investigadora Maria Elizabeth Zucolotto.

Incrementar o turismo

O prefeito justifica o anúncio de recompensas a quem encontrar mais fragmentos do meteorito na possibilidade de usar o facto para incrementar o turismo. Na avaliação de Ferreira, a construção de um museu espacial e um observatório astronómico atrairia turistas ao município. "Como consequência, geraria empregos e contribuiria para uma melhor formação educativa de nossos mais de 4 mil estudantes", diz.

O político ainda planeia erguer um marco no lugar onde o meteorito caiu, na localidade de Santa Rita do Prata. "É uma forma de registarmos na história o facto e homenagear a comunidade", afirma.

fonte: Terra

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