sexta-feira, 9 de julho de 2010

IEA aponta investimento para reduzir níveis de CO2 até 2050


"Durante muitos anos, a Agência Internacional de Energia (IEA) tem clamado para uma revolução energética capaz de combater as alterações climáticas e aumentar a segurança energética e o desenvolvimento económico. Pela primeira vez, vemos indícios de que esta revolução já está em curso", afirmou o director executivo da agência, Nobuo Tanaka, ao lançar o novo estudo da IEA: Perspectivas da Tecnologia Energética (ETP) 2010.

O documento analisa e compara dois cenários distintos. O cenário de Base ETP 2010 segue o cenário de Referência apresentado no World Energy Outlook 2009 - 2030 e lhe dá continuidade até 2050. Nele, os investigadores presumem que os governos não tomam novas medidas políticas em matéria de energia e clima.

Já no cenário Quadro Blue, eles estabelecem objectivos mais definidos, como reduzir pela metade as emissões de CO2 ligadas à energia até 2050 (comparadas com os níveis de 2005) e examinam as formas menos onerosas de atingir essa meta através da implementação das tecnologias hipocarbónicas existentes.

O cenário Blue também salienta a necessidade de alternativas capazes de fixar uma segurança energética (reduzindo a dependência em relação aos combustíveis fósseis, por exemplo) e outros benefícios que contribuem para o desenvolvimento económico, como a melhoria da saúde graças à redução da poluição do ar. Uma comparação dos resultados do cenário ETP 2010 demonstra que as tecnologias hipocarbónicas podem determinar um futuro radicalmente diferente.

Investimentos

Para que isso aconteça, serão necessários investimentos consideráveis, afirma o documento. Enquanto o cenário de Base avalia em cerca de US$ 270 trilhões o investimento total ser feito entre 2010 e 2050 para atender o crescimento da procura energética, o cenário Quadro Blue estima que esses investimentos deverão ser 17% maiores para reduzir em 50% as emissões de CO2 no mesmo cenário de crescimento. Com isso, o montante fica estimado em US$ 316 trilhões - um incremento de US$ 46 trilhões.

Nos últimos três anos, os investimentos anuais em tecnologias energéticas hipocarbónicas atingiram uma média de US$165 mil milhões. A implementação do cenário Quadro Blue exigirá investimentos na ordem de US$ 750 mil milhões por ano até 2030 e subirá para mais de US$ 1,6 trilhão por ano entre 2030 e 2050. Segundo o documento, o nível de investimento duplica neste período devido à procura crescente de veículos e de outros produtos de consumo, à medida que o nível de vida nos países emergentes e em desenvolvimento aumenta.

Por outro lado, o estudo aponta que a revolução tecnológica energética apresenta fortes probabilidades de transformar os investimentos em rentabilidade. "A economia hipocarbónica acarretará economias de combustível substânciais devido a uma eficiência acrescida e paralelamente, a menor procura de combustível ocasionará uma baixa dos preços", afirma o estudo.

O ETP 2010 calcula que os investimentos adicionais de US$ 46 trilhões permitirão, no período 2010 a 2050, economias de combustível acumuladas equivalentes a US$ 112 trilhões. Mesmo descontando 10% nos investimentos e nas economias de combustível no período até 2050 em relação aos valores atuais, as economias líquidas montam-se a US$ 8 trilhões, afirma o documento.

Além disso, ele lembra que a revolução energética oferece oportunidades de negócios substanciais. "As empresas que têm uma visão em longo prazo reconhecem o enorme potencial de desenvolvimento e disseminação  à escala mundial de uma vasta gama de novas tecnologias inéditas e emergentes, bem como a possibilidade de utilizar mecanismos que facilitam o investimento em países não OCDE (por exemplo, em troca de créditos de carbono)", diz o estudo.

Geração de energia

O sector energético representa actualmente 41% das emissões de CO2 relacionadas com a energia. Informações do ETP 2010 apontam que o cenário de Base prevê uma duplicação dessas emissões até 2050, devido à dependência persistente dos combustíveis fósseis.

Em contrapartida, o cenário Quadro Blue atinge uma redução de cerca de 90% (em comparação com os níveis de 2007) na intensidade de carbono emitido para a geração de eletricidade. Somente as energias renováveis representam quase metade da produção global e a energia nuclear um pouco menos de um quarto de acordo com a escala estimada.

Para que isso se concretize, será necessário um investimento de US$ 32,8 trilhões (40% mais do que os US$ 23,5 trilhões no cenário de Base). Mais de metade se destinará às novas centrais de geração de eletricidade.

Revolução

Para os responsáveis pela pesquisa, é fundamental promover uma revolução energética mundial e integrada para vencer os desafios da segurança energética e das alterações climáticas e, ao mesmo tempo, atender às necessidades dos países em desenvolvimento. "O estudo ETP 2010 mostra que os actores chave, quer provenham do sector público ou privado, estão começando a agir no sentido de desenvolver e implementar um vasto leque de novas tecnologias hipocarbónicas", diz o texto.

"A revolução tecnológica energética está ao nosso alcance. Consegui-la permitirá aumentar as capacidades de todos os intervenientes do sector energético e implicará um aumento substâncial dos custos. Contudo, esse será amplamente compensado em longo prazo pelos benefícios obtidos. Os governos, os investidores e os consumidores do mundo inteiro necessitam de agir corajosa e resolutamente para iniciar e levar a cabo essas mudanças nas suas esferas de influência respectivas e comprometer-se a trabalhar juntos de uma forma mais estreita", conclui o documento.

fonte: terra

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