sexta-feira, 9 de julho de 2010

Cultivo de transgénicos multiplicou-se por sete


A Monsanto diz que o milho geneticamente modificado melhora a "competitividade" dos agricultores portugueses.

A área de cultivo de milho transgénico em Portugal cresceu de 772 hectares, na campanha de 2005 - ano em que pela primeira vez o Governo autorizou a cultura e comercialização deste tipo de produtos -, para 5093 hectares em 2009, segundo dados da Direcção--Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR).

Cerca de metade desta área (2245 hectares) situa-se no Alentejo, logo seguido de Lisboa e Vale do Tejo, onde se encontram cultivados 1524 hectares.

Embora as 17 variedades de milho geneticamente modificado autorizadas em Portugal não representem mais de 3% da área total deste cereal (cerca de 180 mil hectares), o recurso aos transgénicos tem vindo a ganhar expressão, tendo a DGARD registado em 2009 um total de 234 notificações de cultivo.

Trata-se de uma variedade geneticamente modificada para conter o gene do Bacillus thuringiensis, o que lhe permite uma maior resistência às pragas.

"Queremos colocar à disposição dos agricultores portugueses as tecnologias que estão a ser utilizadas noutros países que são grandes produtores de milho, como os Estados Unidos, Brasil, Argentina ou África do Sul", disse ao DN o espanhol Carlos Vicente, especialista em biotecnologia e responsável pela unidade de negócio na Península Ibérica da Monsanto, multinacional norte-americana líder mundial na produção de transgénicos.

"Graças a essas tecnologias, e uma vez aprovadas na União Europeia, poder-se-á melhorar a competitividade e rendibilidade do cultivo de milho". Daí que Carlos Vicente considere expectável um "crescimento" da área cultivada com estas variedades de cereal.

"Queremos que os agricultores portugueses possam ter acesso às mais inovadoras ferramentas tecnológicas, que lhes permitam tornar-se mais competitivos, ao mesmo tempo que colocam em prática uma agricultura mais sustentável".

O responsável da Monsanto acrescenta que a empresa - cujo volume de negócios em Portugal e Espanha ascendeu em 2009 a 79,4 milhões de euros - tem diversos produtos biotecnológicos em processo de regulamentação na União Europeia. Produtos que "necessitam de menos insecticidas ou permitem melhorar o controlo de ervas daninhas" e que, uma vez licenciados, irão possibilitar "maiores produções com menos consumo de recursos naturais, como o solo, a água ou a energia".

"A disponibilidade destes cultivos para os agricultores portugueses vai depender da agilidade do processo de regulamentação", acrescenta Carlos Vicente, lamentando a forma "muito lenta" como o processo se desenrola dentro da União Europeia, o que "limita a escolha de os agricultores poderem eleger as ferramentas que os tornem mais competitivos ao mesmo tempo que mais sustentáveis nas suas produções agrícolas".

Fonte do Ministério da Agricultura reconhece que o assunto, "mais cedo ou mais tarde", voltará à agenda política, sublinhando o "paradoxo" de a União Europeia proibir a utilização de determinados produtos transgénicos e de, por exemplo, importar carne bovina de países como a Argentina ou o Brasil, cujo efectivo pecuário é alimentado com recurso a "esse tipo de produtos".


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